Estudo estima mais de 39 milhões de mortes até 2050 por infeções resistentes a antibióticos

17 de Setembro 2024

Mais de 39 milhões de pessoas podem morrer nos próximos 25 anos no mundo devido a infeções bacterianas resistentes a antibióticos, estima um estudo hoje divulgado na revista médica britânica The Lancet.

Segundo o estudo, 92 milhões de vidas poderão ser poupadas entre 2025 e 2050 se for melhorado o acesso a cuidados de saúde e a novos antibióticos.

A estimativa global mais conservadora do trabalho publicado na The Lancet aponta para a morte de mais de 39 milhões de pessoas entre 2025 e 2050 devido a infeções bacterianas provocadas diretamente pela resistência a antibióticos, um terço das quais no sul da Ásia, incluindo Índia, Paquistão e Bangladesh.

Uma estimativa mais abrangente, que faz apenas a associação entre a resistência a antibióticos e os óbitos, mas não uma relação direta causa-efeito, sugere mais de 169 milhões de mortes nos próximos 25 anos.

Os antibióticos são medicamentos antimicrobianos usados no tratamento de infeções provocadas por bactérias.

A resistência aos antibióticos é a capacidade de uma bactéria sobreviver ou crescer apesar do medicamento que normalmente a inibiria ou mataria.

Algumas bactérias sofrem mutações genéticas que as tornam resistentes aos antibióticos.

Contudo, os antibióticos podem dar origem ao desenvolvimento de bactérias resistentes: quanto mais um antibiótico for utilizado, maior é a possibilidade de vir a existir resistência à sua ação.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde declarou a resistência aos antimicrobianos como uma das dez maiores ameaças à saúde pública à escala global.

Nesse ano, de acordo com dados incluídos no estudo divulgado pela The Lancet, 2.226 e 9.445 pessoas morreram, respetivamente, em Portugal devido direta e indiretamente a infeções bacterianas resistentes a antibióticos.

Globalmente, em 2019, morreram mais pessoas devido à resistência a antibióticos do que à sida (causada pelo vírus VIH) ou à malária (provocada por parasitas do género ‘Plasmodium’).

Há dois anos, os Estados-membros da União Europeia identificaram a resistência antimicrobiana como uma das três principais ameaças para a saúde.

De acordo com o estudo publicado na The Lancet, em 30 anos, entre 1990 e 2021, terão morrido mais de 30 milhões de pessoas no mundo devido a infeções causadas pela resistência a antibióticos, tendo as regiões da África Subsariana Ocidental, América Latina, América do Norte, Sudeste Asiático e Sul da Ásia sido as mais afetadas.

No mesmo período, os óbitos aumentaram mais de 80% entre os idosos com 70 ou mais anos, faixa populacional mais vulnerável a infeções, enquanto diminuíram 50% nas crianças com menos de cinco anos, devido nomeadamente a programas de vacinação.

Este padrão manter-se-á até 2050, segundo os autores do estudo.

As estimativas foram calculadas para diversas bactérias resistentes, combinações de antibióticos e tipos de infeção, designadamente do sangue e das meninges, para pessoas de várias idades em 204 países ou territórios.

As projeções basearam-se em 520 milhões de registos individuais de diversas fontes, incluindo dados de hospitais, de utilização de antibióticos e notificação de óbitos.

LUSA/HN

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