Pedro Nuno responsabiliza primeiro-ministro por crise no INEM e exige consequências políticas

8 de Novembro 2024

O secretário-geral do PS responsabilizou hoje o primeiro-ministro pela crise no INEM, advertindo que não é um problema exclusivo da ministra da Saúde e exigindo que se retirem consequências políticas.

Numa declaração aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, Pedro Nuno Santos considerou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem de retirar consequências políticas da crise dos últimos dias nos serviços de emergências médica, embora nunca tenha exigido a demissão da ministra da Saúde.

“A avaliação sobre a continuidade da senhora ministra não é do líder do PS, deve ser feita pelo primeiro-ministro”, afirmou o líder socialista.

Pedro Nuno Santos frisou que a responsabilidade da crise no INEM já não é só da ministra da Saúde, é “também do Governo todo e do primeiro-ministro em particular”, uma vez que, disse, “optou por desvalorizar” a greve dos profissionais de emergência médica, em vez de garantir que a situação iria ser averiguada e daí seriam retiradas consequências.

Sem especificar, Pedro Nuno pediu que as consequências dos problemas dos últimos dias na saúde sejam políticas e tenham que ver não “apenas com o investimento de que o INEM precisa, mas também sobre a forma como o Governo lida com os problemas com que se vai confrontando, porque problema após problema, o Governo sistematicamente falha”.

O líder da oposição exigiu ao primeiro-ministro que faça uma avaliação do que aconteceu e tenha “a capacidade e a transparência para comunicar com o país” de forma a garantir que “percebeu o que aconteceu, o que falhou e que teve capacidade de aprender e corrigir”.

O secretário-geral do PS disse que “o Governo sabia já há muito tempo” que a greve iria ocorrer e “não só não fez nada para a evitar, como, aparentemente, também não fez nada para minorar os impactos”, como impor serviços mínimos.

Pedro Nuno considerou que o Governo tinha “a obrigação de procurar decretar ou apresentar uma proposta de serviços mínimos para esta greve, porque obviamente o Governo sabe e tem a obrigação de saber que o trabalho suplementar é essencial para o bom funcionamento do INEM, dos serviços de emergência médica”.

“Estamos perante um caso muito grave de negligência, irresponsabilidade e incompetência por parte do Governo na gestão da greve dos trabalhadores de emergência médica”, sustentou.

O dirigente socialista sublinhou também o que designou por um histórico de “grande incapacidade na gestão do dossier da saúde”, em particular na gestão da emergência médica, por parte da ministra Ana Paula Martins.

Questionado sobre se esperava que o Presidente da República fosse mais insistente nesta matéria, Pedro Nuno Santos absteve-se de comentar, referindo que a sua “preocupação é com o Governo” e “com a forma como lida com este problema”.

“Esta é uma área muito sensível para a vida coletiva dos portugueses. Exige-se mais de um Governo. Exige-se muito mais do que aquilo que nós temos ouvido por parte do Governo”, acrescentou.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu um inquérito aos casos de mortes noticiados nos últimos dias por alegados atrasos no atendimento do INEM.

As falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para os CODU, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), devido à greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar têm levantado forte polémica e já terão levado à morte de pelo menos seis pessoas.

O Presidente da República insistiu hoje que é preciso soluções rápidas para os problemas no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e recusou comentar se a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, tem condições para se manter no cargo.

LUSA/HN

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