“A vacina chinesa de João Doria. Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, escreveu o Presidente brasileiro, na sua conta na rede social Facebook.
“O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou a sua fase de testagem. Diante do exposto, a minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, acrescentou.
Na terça-feira, o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia confirmado a compra do imunizante numa reunião fechada com governadores.
Após esta reunião, o governo do estado brasileiro de São Paulo divulgou um comunicado informando que chegou a um acordo com o Ministério da Saúde para a aquisição via Sistema Único de Saúde (SUS) de 46 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida em parceria internacional entre a biofarmacêutica Sinovac Life Science e o Instituto Butantan, até ao final de dezembro de 2020.
“O Governo Federal confirmou que irá adquirir o imunizante após aprovação na Anvisa. O potencial imunizante contra o coronavírus está em fase final de estudos clínicos no Brasil e mostrou-se totalmente seguro nos testes realizados desde o final de julho”, dizia-se no comunicado.
O acordo foi firmado durante uma reunião virtual entre o governador do estado de São Paulo, João Doria, o Ministro da Saúde brasileiro, Eduardo Pazuello e outros 23 governadores brasileiros. A expetativa era de que a Coronavac começasse a ser aplicada em janeiro do próximo ano.
Doria foi eleito governador associando a sua candidatura à campanha presidencial de Bolsonaro em 2018, mas os dois afastaram-se no ano passado e tornaram-se rivais políticos declarados durante a pandemia do novo coronavirus.
Na semana passada, o governador ‘paulista’ acusou o Presidente brasileiro de politizar a vacina, mas recuou face ao sinal positivo do Ministério da Saúde sobre a compra da vacina chinesa.
A Coronavac é testada desde julho em São Paulo e noutros estados numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao governo regional de São Paulo.
O governo ‘paulista’ já comprou 60 milhões de doses da Coronavac e sempre defendeu que a vacina fosse distribuída pelo Governo central no Sistema Único de Saúde (SUS).
Se a vacina chinesa comprovar a sua eficácia, será também fabricada no Brasil, pelo Instituto Butantan.
O Ministério da Saúde brasileiro, por sua vez, firmou um contrato com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca para testagem de outra vacina que inclui um contacto de compra de 100 milhões de doses.
O país também participa num programa global para aquisição de vacinas chamado Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility), que reúne mais de 150 países.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
LUSA/HN
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