Ministro das Finanças diz que Bloco de Esquerda se enganou nas contas sobre a saúde

28 de Outubro 2020

O ministro das Finanças, João Leão, disse esta quarta-feira no parlamento que o Bloco de Esquerda (BE) se enganou nas contas do Orçamento do Estado para 2021 relativamente à saúde, dizendo que "não é sério" fazer análises intra-anuais ao invés de homólogas.

“O BE enganou-se nas contas, a meu ver a única forma que entendemos para chegar aos vossos cálculos é considerar isto”, disse João Leão durante o segundo dia de debate da proposta do Governo para Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), em resposta à deputada do BE Mariana Mortágua.

De acordo com o ministro, o reforço de 500 milhões de euros na Saúde aprovado no âmbito do Orçamento Suplementar de 2020 não veio exclusivamente de transferências do OE – 200 milhões vieram de transferências orçamentais, 300 milhões não, disse o ministro – algo que o BE, segundo João Leão, não teve em conta.

“Se tiverem isso em consideração, que não tiveram nas vossas contas, [os números] mostram que mesmo relativo ao Orçamento Suplementar, as transferências do Orçamento do Estado aumentam em 2021 face a 2020”, disse João Leão.

O governante adicionou que em 2021 “o BE também não quer reconhecer” que haverá verbas para a saúde vindas “dos novos fundos europeus, nomeadamente do programa REACT”.

Já relativamente ao número de médicos, João Leão disse que “não é sério fazer uma análise e comparar valores intra-anuais”, já que “qualquer economista sabe que temos de comparar em termos homólogos”.

Mariana Mortágua tinha dito que “o reforço da despesa com pessoal em toda a saúde é inferior ao do ano passado em 100 milhões” de euros, relembrando que já tinha perguntado ao ministro, na sexta-feira, que a dotação de despesa do SNS “é inferior à do [Orçamento] Suplementar”.

“Estes números são indesmentíveis porque foram introduzidos pelo Governo no relatório do Orçamento do Estado”, aditou a deputada.

Sobre os médicos, a parlamentar do BE diz que o gráfico apresentado pelo Governo “confirma o que o Bloco tem dito”.

“Nós não negamos uma evolução positiva de médicos ao longo do tempo. O que nós dizemos é que há menos médicos hoje do que no início da pandemia e há menos médicos hoje do que havia em janeiro, quando nos sentámos para identificar necessidades de médicos e profissionais do SNS, e por isso concordámos com mais 8.400 médicos e profissionais, e isto sem saber de uma Segundo a deputada, o gráfico apresentado pelo ministro “vai até julho, e, entretanto, o ‘site’ de Transparência do SNS publicou novos gráficos até setembro”.

“A saída de médicos continua ao longo do ano e dá-se o caso de em setembro de 2020 haver menos médicos no SNS do que havia em janeiro de 2019. Segundo o ‘site’ do SNS, são 29.566 em setembro de 2020 e 29.598 em janeiro de 2019”, sustentou a deputada.

A existência ou não de um compromisso objetivo sobre o reforço dos meios humanos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um dos temas que tem gerado maior discussão entre o Governo e o Bloco de Esquerda, partido que já anunciou que votará contra na generalidade a proposta de Orçamento para o próximo ano.

De acordo com um documento fornecido pelo executivo na terça-feira, ao longo dos quatro trimestres de 2021, o Governo assume o compromisso de contratar mais 1.073 assistentes operacionais, 518 assistentes técnicos, 764 enfermeiros, 1.500 médicos, 98 técnicos superiores e 379 profissionais para outras categorias técnicas.

LUSA/HN

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