Autoridades chinesas descartam preocupação sobre nova pandemia

7 de Janeiro 2025

Imagens de hospitais na China repletos de pacientes com mascaras suscitaram preocupações de uma nova pandemia, desta vez do metapneumovírus humano (hMPV), mas autoridades e especialistas descartam essa possibilidade, apontando para um pico sazonal comum.

Nas redes sociais circulam vídeos de salas de espera de hospitais alegadamente sobrelotadas na China. No entanto, hospitais visitados pela agência Lusa em Pequim não registavam cenários idênticos, enquanto profissionais de saúde negaram a existência de alta pressão hospitalar.

O Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças (CCDC) reconheceu, porém, um aumento do número de doenças respiratórias semelhantes à gripe na China, na penúltima semana de 2024.

Segundo os dados oficiais, cerca de um terço das pessoas afetadas acusou positivo para a gripe, um aumento de cerca de 6%, face ao mês anterior. Entre as pessoas que tiveram de ser internadas no hospital com uma doença respiratória, 18% tinham gripe.

Segundo a mesma fonte, o agente patogénico hMPV ficou em segundo lugar, com uma quota de 6,2% de todos os casos – superior à quota de pacientes infetados com covid-19, rinovírus e adenovírus.

O CDC indicou ainda que 5,4% dos pacientes hospitalizados com sintomas de gripe e constipação testaram positivo para o hMPV.

Ao contrário da covid-19, cujos primeiros casos foram detetados no centro da China no final de 2019, o hMPV existe há décadas e quase todas as crianças são infetadas até ao seu quinto aniversário, segundo os especialistas.

Aquele vírus está presente em todo o mundo desde pelo menos 2001 e pode causar infeções em pessoas de todas as idades, embora estas sejam geralmente ligeiras e não necessitem de assistência hospitalar.

Os sintomas da doença incluem tosse, dor de cabeça, febre, congestão nasal e dificuldade em respirar.

A transmissão de hMPV ocorre através do contacto direto com secreções contaminadas, incluindo saliva, muco e aerossóis.

O período de incubação do vírus varia de 4 a 6 dias.

Os especialistas referiram que o aumento de casos pode dever-se, em parte, às novas tecnologias que facilitam o reconhecimento do vírus.

O hMPV está disseminado no norte da China, mas também em outras regiões frias do hemisfério norte, incluindo Alemanha ou Reino Unido, prevendo-se que os surtos durem até março.

Não existe qualquer vacina ou medicamento contra o vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse também não ver motivos de preocupação nos relatos do surto na China, apontando que se trata de um acontecimento sazonal normal.

Segundo a OMS, embora o número de infeções respiratórias agudas, que incluem o hMPV, tenha aumentado em relação ao mês anterior, tal não é invulgar nos meses de inverno no hemisfério norte.

NR/HN/Lusa

 

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