“É uma medida positiva que tem sido aplicada em vários hospitais e com a qual a Ordem dos Médicos concorda. Concorda porque acaba por retirar os doentes não urgentes, os identificados com a pulseira verde ou azul, do serviço de urgência hospitalar, onde efetivamente não devem vir, para as equipas se poderem concentrar nos doentes mais urgentes e emergentes”, disse à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Carlos Cortes.
O responsável lamentou, no entanto, que a medida tenha sido aplicada “sem propriamente um pré-aviso, para a população se poder habituar e poder ter conhecimento prévio desta necessidade do telefonema”.
Carlos Cortes disse esperar que a medida não vá “camuflar as gravíssimas dificuldades pelas quais o hospital está a passar”.
“Isto não resolve um problema de fundo, que é a falta de uma resposta deste serviço, tanto na área assistencial, na urgência, nos blocos operatórios, na lista de espera dos doentes que aguardam para a cirurgia, como também no internamento. Não responde a estas dificuldades e não responde também às dificuldades formativas que o serviço está a atravessar”, observou.
Carlos Cortes recordou a saída de “mais de uma dezena de médicos cirurgiões do hospital, que “são absolutamente imprescindíveis” para que “possa dar uma resposta de qualidade e com segurança”, tanto para os doentes para as equipas clínicas.
A Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra anunciou na segunda-feira que passa a integrar o projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, com o objetivo de reduzir a sobrecarga dos serviços de urgência, promovendo o contacto prévio com a Linha SNS24.
“Atualmente, cerca de 55% dos atendimentos nos serviços de urgências do Hospital Fernando Fonseca são não urgentes ou pouco urgentes, o que sobrecarrega o funcionamento dos mesmos”, indica diretora clínica hospitalar da ULS Amadora/Sintra, Bárbara Flor de Lima, citada em comunicado.
A iniciativa pretende promover o contacto prévio com a Linha SNS24 (808 24 24 24), garantindo que os utentes são orientados para o local adequado, de forma eficaz e segura, otimizando o acesso ao atendimento médico, de acordo com os critérios de gravidade, reduzindo assim o “acesso inadequado aos serviços de urgência”.
“Servimos uma população de 600 mil habitantes e a necessidade de retirar os casos menos urgentes das urgências hospitalares é crucial para garantir maior disponibilidade dos profissionais e de todos os recursos para quem realmente necessita de cuidados urgentes e imediatos”, realça Bárbara Flor de Lima.
NR/HN/Lusa
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