Federação sindical defende concursos públicos para administração dos hospitais

26 de Fevereiro 2025

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) defendeu hoje a escolha dos conselhos de administração dos hospitais através de concursos públicos, exigindo “responsabilidades diretas” à ministra da Saúde, que segundo a federação sindical “deixa por resolver várias situações caóticas”.

“A Fnam defende a implementação de concursos públicos para os conselhos de administração, e a eleição interpares para funções de direção ou coordenação de natureza técnico-científica, em nome da transparência e de processos democráticos, que respeitem a carreira médica e os demais profissionais de saúde”, diz a federação sindical em comunicado.

A Fnam lamenta que, “em menos de um ano de mandato”, o gabinete de Ana Paula Martins acumule “exonerações, demissões e não reconduções, sem justificação, e sem respostas para a população”.

“As exonerações dos conselhos de administração das instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuam, e sem fim à vista”, observa, salientando que os concursos públicos devem substituir “as nomeações políticas a que se tem assistido”.

A federação critica no comunicado que alguns conselhos de administração sejam “exonerados” e outros, como o da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra, sejam “empurrados para a demissão”.

“A Fnam exige responsabilidades diretas à ministra Ana Paula Martins, que deixa por resolver várias situações caóticas, como no Hospital Fernando Fonseca [que integra a ULS Amadora-Sintra]”, adianta.

O sindicato recorda ainda as demissões dos conselhos de administração da ULS de Viseu Dão-Lafões e do Algarve, que foi demitido por email, e da ULS de Almada-Seixal, demitido por telefone, bem como o da ULS do Alto Minho, que está sob investigação por uma queixa de assédio.

“Alguns conselhos de administração foram entregues a presidentes sem experiência em saúde ou no terreno, como a ULS de Castelo Branco e da Cova da Beira, onde foram nomeados um geógrafo e um economista, respetivamente. Já a ULS de Leiria foi entregue a um profissional de saúde sem experiência em gestão hospitalar”, indica.

A Fnam lamenta também a ida do atual Presidente da Câmara Municipal de Amarante para a ULS do Tâmega Sousa, e para a ULS de Gaia-Espinho “quem esteve, até à data, ao serviço do Hospital da Prelada, gerido pela misericórdia local”.

“Estas exonerações, demissões e novas nomeações, além de políticas, são desestruturantes para os serviços e unidades das diversas ULS, e têm um custo acrescido no erário público, uma vez que algumas são acompanhadas de pagamento de indemnização”, observa, acrescentando que “a população tem direito a um Ministério da Saúde que seja liderado com competência e que garanta um SNS público, acessível e de qualidade”.

NR/HN/Lusa

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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