Caso gémeas: Partidos unânimes contra proposta de relatório do Chega, que deverá ser rejeitado

14 de Março 2025

O relatório preliminar da comissão de inquérito ao caso das gémeas, elaborado pela deputada do Chega Cristina Rodrigues, foi hoje criticado pelos restantes partidos, alegando que apresenta conclusões falsas e desonestas.

Na reunião da comissão de inquérito, o coordenador do PSD, António Rodrigues, considerou que as conclusões do relatório são “distorcidas” e não refletem os trabalhos da comissão.

O PSD, que apresentou um relatório alternativo com o CDS-PP, considera que Cristina Rodrigues fez uma “conclusão forçada” ao acusar no relatório preliminar o Presidente da República de abuso de poder.

Pelo PS, partido que apresentou propostas de alteração, o deputado João Paulo Correia acusou a deputada relatora de tentar “ficcionar os depoimentos e a prova documental”.

A IL anunciou que irá votar contra o relatório preliminar, considerando que o texto “não reflete a verdade”, mas sim “as posições do Chega”. O relatório, considerou a IL, “podia ter sido escrito antes, [porque] as conclusões estavam tiradas” à partida.

Joana Mortágua, do BE, considerou que as conclusões apresentadas no relatório não são “minimamente sérias”, são absurdas ou falsas e contém um “conjunto de insinuações”.

“É um exercício desonesto de instrumentalização desta comissão de inquérito, que só reforça a minha convicção que esta comissão foi previamente agendada pelo Chega com interesses de campanha partidária, mas certamente não o apuramento da verdade”, criticou, acusando ainda o Chega de “apresentar mentiras como conclusões”.

Pelo PCP, Alfredo Maia afirmou que o relatório “é pouco rigoroso, tem conclusões forçadas e até falsas”, e defendeu que “o problema de fundo” é o “preço obsceno” dos medicamentos.

O comunista considerou também que o PS, ao apresentar propostas de alteração e não um relatório alternativo, “adere” ao relatório do Chega, ainda que “de forma implícita”.

Paulo Muacho, do Livre, disse que o Chega quis “confirmar as conclusões que já estavam tiradas” previamente.

Na apresentação do relatório preliminar, a deputada Cristina Rodrigues afirmou que o seu partido “não tem qualquer interesse num resultado final concreto até porque não tem qualquer responsável político envolvido”, e acusou PS e PSD de “não conseguirem esconder o desconforto” pelo alegado envolvimento de Marcelo Rebelo de Sousa e Lacerda Sales neste caso.

A relatora afirmou que “houve uma intervenção política que se sobrepôs a vontade clínica” e que “houve um favorecimento e responsabilidade política de Marcelo Rebelo de Sousa por ter atuado numa situação que lhe chegou por via pessoal e ter usado as duas funções de Presidente da República para que fossem iniciadas diligências”, mas não referiu diretamente a conclusão vertida no documento que fala em “abuso de poder” por parte do Presidente da República.

Cristina Rodrigues alegou também ter havido “discriminação” em relação a outras crianças, o que levou a um momento tenso no debate em que os outros partidos recusaram esta afirmação, dizendo que vários depoentes indicaram não existir uma lista de espera e que “nenhuma criança foi prejudicada” quando as gémeas foram tratadas.

Antes do início do debate, a deputada do Chega propôs que o relatório alternativo de PSD e CDS-PP não fosse aceite, mas a proposta foi rejeitada, e teve apenas o voto a favor dos deputados do seu partido.

Vários partidos queixaram-se de não terem tido tempo para analisar todas as propostas, uma vez que as de PSD/CDS-PP, PS e PAN só foram conhecidas hoje, e a votação das conclusões da comissão de inquérito acabou adiada para terça-feira.

lusa/HN

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