Quénia faz primeira cirurgia mundial de restauro de sensibilidade a pacientes amputados

7 de Maio 2025

Um hospital em Nairobi, no Quénia, realizou, pela primeira vez na história mundial, uma cirurgia de reinervação sensorial transumeral orientada (TSR, na sigla em inglês), que permitiu a um paciente amputado recuperar a sensibilidade dos nervos locais.

Neste caso específico, a cirurgia, que ocorreu em 29 de abril e demorou sete horas, no Kenyatta National Hospital (KNH), permitiu a um amputado acima do cotovelo recuperar a sensibilidade no coto do braço esquerdo, “estabelecendo um precedente mundial na restauração da função sensorial em amputados”.

Através desta técnica inovadora, os médicos conseguiram voltar a ligar os nervos do membro amputado à pele remanescente, criando um “mapa sensorial” que permite ao cérebro percecionar sensações como o tato, a temperatura e a dor como se viessem da mão em falta.

“Moses Mwendwa, de 22 anos, foi submetido à primeira operação TSR do mundo, o que lhe permitiu recuperar a sensibilidade da mão esquerda que lhe faltava. Este procedimento inovador de sete horas reencaminha os nervos para criar um ‘mapa sensorial’ que permite a perceção do tacto e um melhor controlo da prótese”, declarou o hospital em comunicado.

Mwendwa perdeu o braço após uma queda em janeiro que provocou uma síndrome compartimental, uma doença grave que envolve o aumento da pressão num compartimento muscular, o que levou os médicos a amputar o braço acima do cotovelo.

“Após diagnósticos inconclusivos em dois centros, foi levado de urgência para o KNH, onde os médicos realizaram uma cirurgia de emergência que acabou por levar à amputação do seu braço dominante em 24 de janeiro. O custo emocional foi imenso, com semanas de dor e adaptação tanto para Moses como para a sua família”, afirmou o hospital.

No entanto, após meses de recuperação física, Mwendwa foi selecionado para participar na primeira cirurgia TSR do hospital, onde acabou por ser submetido à operação pioneira.

O diretor de cirurgia plástica e reconstrutiva do KNH e um dos responsáveis pela operação, Benjamin Wabwire, sublinhou que este avanço “não é apenas um marco médico, mas uma forma de devolver a dignidade, a função e a esperança aos doentes amputados”.

“Ao criar este mapa neural da mão, estamos a mudar as possibilidades dos amputados”, afirmou Wabwire numa conferência de imprensa divulgada pelos meios de comunicação social locais.

NR/HN/Lusa

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