“É evidente que este ano vai terminar com o dobro ou mais do dobro do número de casos suspeitos e confirmados notificados em 2024”, disse o epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do Gabinete Executivo dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), numa videoconferência de imprensa.
De acordo com os últimos dados da agência, o continente registou 145.238 casos de varíola (39.766 confirmados) e 1.796 mortes (196 confirmadas) desde o início de 2024.
Comparando as infeções detetadas até agora em 2025 com o total do ano passado, Ngongo considerou que os casos suspeitos e confirmados até ao momento, neste ano, representam 87% e 101%, respetivamente, dos documentados em todo o ano de 2024.
O epidemiologista observou que há uma “tendência decrescente” nas infeções na República Democrática do Congo (RDCongo), Serra Leoa e Uganda, os três países que representaram 86% dos casos notificados na última semana.
“Mas devemos interpretar isso com cautela, dados os muitos desafios que ainda enfrentamos na área da vigilância [epidemiológica], especialmente porque a vigilância na maioria desses países permanece passiva”, disse Ngongo.
Por exemplo, observou que, na RDCongo – o epicentro da epidemia com 109.186 casos (24.338 confirmados) e 1.796 mortes (115 confirmadas) desde 2024 -, apenas 13% dos casos suspeitos recentemente notificados são testados para confirmar a infeção.
O CDC África voltou a alertar que o continente enfrenta uma grave escassez de vacinas para combater a epidemia.
África enfrenta uma “enorme lacuna”, entre os 6,4 milhões de doses que a agência estima necessitar até agosto e os 2,9 milhões que foram enviados para o continente, incluindo a chegada à RDCongo de um pacote de 1,5 milhões de doses da vacina japonesa LC16 no final de maio, lamentou Ngongo.
Até agora, onze países receberam vacinas, embora apenas sete estejam a inocular as suas populações e pouco mais de 664 mil pessoas tenham sido vacinadas.
A agência de saúde pública da UA declarou a varíola uma emergência de saúde pública de segurança continental em 13 de agosto e, no dia seguinte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o estado de alerta sanitário internacional para a doença, que decidiu manter na semana passada.
A varíola é uma doença infecciosa que pode provocar uma erupção cutânea dolorosa, gânglios linfáticos inchados, febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas e falta de energia.
NR/HN/Lusa
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