Médicos do maior hospital do norte de Moçambique ameaçam paralisar atividades extras

22 de Junho 2025

Os médicos afetos ao Hospital Central de Nampula (HCN), a maior unidade do norte de Moçambique, ameaçaram hoje paralisar o trabalho extraordinário a partir de 01 de julho, exigindo o pagamento das horas extra.

“O ponto essencial neste momento é o não pagamento de valor referente ao trabalho extraordinário, referente ao exercício 2024, todo ano, de janeiro a dezembro, e deste ano, até agora (…). O que está por trás não sabemos”, disse à comunicação social Pascoal Víctor, Médico da HCN, na província de Nampula, norte do país.

Entre os profissionais envolvidos estão os médicos de clínica geral, médicos de especialização, entre outros.

“Não se trata de uma greve. O que não vamos fazer é um trabalho que não nos é pago. Agora, pelo trabalho que nos é pago, no horário normal das 07:30 às 15:30. Todos os departamentos terão médicos e profissionais a trabalhar. O que não será realizado é o trabalho extraordinário”, explicou Vanilton Acuna, outro médico do Hospital Central de Nampula.

Para o profissional de saúde, a paralisação foi uma decisão difícil de tomar: “Porque o nosso maior valor é a vida, a nossa função é salvar vidas”.

“Fica um pouco complicado, neste momento, dar uma resposta sobre como vão ficar as atividades nesses setores, mas esperamos que a direção tenha uma resposta”, disse Vanilton Acuna.

Em 26 de maio, os médicos residentes do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade de Moçambique, também reivindicaram o pagamento de horas extraordinárias em atraso, pedindo que se “cuide de quem cuida”, ameaçando com nova greve, que não se concretizou após entendimento com o Governo.

O ministro da Saúde de Moçambique apelou em 12 de maio ao diálogo para travar greves no setor da saúde, referindo que o executivo está a trabalhar para assegurar melhores condições de trabalho aos enfermeiros e outros profissionais da saúde.

O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

lusa/HN

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