Associações de doentes com obesidade querem resposta para tratamento eficaz

4 de Março 2021

A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade e a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal alertam esta quinta-feira para a necessidade de uma resposta mais eficaz a esta doença, que é fator de risco acrescido para infetados com Covid-19.

No Dia Mundial da Obesidade, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO) sublinham que “é tempo de recalibrar a balança na luta contra a obesidade”, propondo um “novo paradigma no tratamento desta doença crónica” para haver uma resposta mais eficaz e equitativa.

A visão das associações para tratar da doença pode ser consultada Aqui.

Notam que, “apesar de ser considerada uma doença crónica, diversas barreiras impedem o controlo das taxas crescentes de prevalência da doença e uma intervenção de sucesso” pelos serviços de saúde pública.

As associações constatam que, apesar de a obesidade ser uma doença crónica e um fator de risco acrescido na diabetes, nas doenças cardiovasculares e nas doenças oncológicas, o sistema de saúde continua mais focado em tratar estas comorbilidades e outras complicações do que em atuar nas causas da obesidade.

Assim, defendem que a “obesidade deve passar a ser encarada como uma doença grave”, para a qual são necessários programas e planos de ação públicos direcionados para a prevenção e para o tratamento das suas causas, acessíveis à população de forma equitativa, e uma maior monitorização e acompanhamento das pessoas com excesso de peso ou obesas.

Para as associações, existe falta de formação dos médicos e de consultas de obesidade nos cuidados primários de saúde, o que cria uma barreira ao diagnóstico e ao tratamento.

Por isso, dizem que é necessário apostar na formação dos profissionais de saúde e na criação de consultas de especialidade em obesidade, à semelhança das que existem para a diabetes e para a hipertensão, além de um maior investimento em nutricionistas e psicólogos.

Além da falta de resposta nos cuidados primários de saúde, também os fármacos de tratamento da obesidade não são comparticipados em Portugal e é preciso que o sejam, para não haver “desigualdade económica no acesso ao tratamento por parte de classes mais desfavorecidas”.

A obesidade afeta 650 milhões de adultos em todo o mundo (13% da população), matando por dia quatro milhões. Em Portugal afeta 1,5 milhões, 16,9% da população.

Contudo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), aponta para 28,7% dos portugueses, colocando Portugal como terceiro país europeu com maior prevalência da doença, atrás da Hungria e da Turquia, o que leva a Federação Mundial da Obesidade a prever que, em 2025, deverão existir 2,4 milhões de obesos no país.

SPEO e ADEXO alertam que, sem tratamento adequado, a obesidade danifica o normal funcionamento do organismo, torna-se num fator de risco para outras doenças graves, estando associada a duas centenas de doenças e problemas de saúde, reduz a esperança média de vida e aumenta a pressão e a despesa sobre o sistema de saúde.

Estima-se que em Portugal se gaste 207 euros ‘per capita’/ano a tratar doenças relacionadas com excesso de peso, o equivalente a 10% da despesa total em saúde.

No contexto da pandemia, as consequências da obesidade agravaram-se e “tornaram mais evidente a necessidade de prevenir e tratar a doença”, desde logo porque esta aumenta as complicações dos doentes infetados, já que 38,4% dos doentes com Covid-19 nos cuidados intensivos têm problemas de obesidade.

Um estudo internacional citado pelas associações concluiu que pessoas com problemas de obesidade têm risco 46% mais elevado de contrair Covid-19, um risco de 48% de morte por Covid-19, 113% de virem a precisar de tratamento hospitalar e 74% de cuidados intensivos.

Por outro lado, o confinamento social contribuiu para que 26,4% dos portugueses tenham aumentado de peso.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

3.º Seminário sobre Linfomas da APCL: Do Diagnóstico à Retoma da Vida

A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) promove, no próximo dia 12 de abril, a 3.ª edição do Seminário sobre Linfomas, no Auditório do metro de Lisboa (Linha Azul – Estação de metro do Alto dos Moinhos). Este evento, direcionado a doentes, cuidadores e profissionais de saúde, oferece uma oportunidade única para partilhar informação atualizada e apoio a todos os que vivem com linfoma.

Bolsa da APAH vai ajudar a testar percurso específico para pessoas com comportamentos aditivos e melhorar acesso à IVG

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com consultoria técnica da nobox e apoio da Gilead Sciences, vai ajudar a implementar dois projetos inéditos nas Unidades Locais de Saúde (ULS) da Arrábida e de Póvoa de Varzim/Vila do Conde, vencedores da 5.ª edição da Bolsa “Capital Humano em Saúde”, que tem como objetivo e implementação de projetos que melhorem a articulação dos cuidados de saúde. 

Estudo internacional identifica alvo promissor para tumores cerebrais infantis

Uma equipa internacional de investigadores identificou o receptor PDGFRA como um alvo promissor no tratamento de gliomas pediátricos de alto grau, tumores cerebrais agressivos com poucas opções terapêuticas. O inibidor avapritinib mostrou eficácia em modelos laboratoriais e humanos, abrindo caminho para novos ensaios clínicos.

Mulheres com Doença de Parkinson: Estudo Revela Subdiagnóstico

Estudo da Egas Moniz School of Health & Science destaca que as mulheres com Doença de Parkinson são frequentemente subdiagnosticadas e enfrentam desafios significativos no acesso a tratamentos especializados. A pesquisa, intitulada “Using a sex- and gender-informed lens to enhance care in Parkinson’s disease”, revela que as diferenças de sexo e género têm um impacto considerável na progressão da doença e na qualidade de vida das pacientes.

SPMS alertam para mensagens fraudulentas em nome do SNS

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) alertaram hoje para mensagens SMS enviadas em nome do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que constituem um esquema fraudulento de obtenção de dados pessoais.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights