“Vimos solicitar que junto das entidades competentes seja tomada posição, ancorada em dados científicos, no sentido da inclusão da população transplantada num dos grupos prioritários, para que sejam administradas vacinas durante a primeira fase já em curso”, refere o documento enviado hoje ao vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
O texto, a que a Lusa teve acesso, recorda que que já existem estudos publicados que dão conta de que “a população transplantada que contraiu a Covid-19 apresentou um risco de morte” ou de necessidade de ventilação mecânica 30% superior à da população não transplantada, atingindo os 40% no caso de transplantados pulmonares.
O documento é assinado pelo Grupo Desportivo de Transplantados de Portugal, pela Associação Portuguesa Insuficientes Renais, Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) e outras Doenças Respiratórias Crónicas (RESPIRA) e pelo Grupo Transplantados Hospital Curry Cabral.
O pedido firmado pelo conjunto de associações que representam os diversos transplantados portugueses nomeadamente transplantados renais, hepáticos, pulmonares, pancreáticos, cardíacos e de medula óssea foi enviado hoje para o Ministério da Saúde, Direção Geral da Saúde, Insa (Task Force), Ministério da Administração Interna e Ministério da Defesa Nacional.
Signatários disseram à agência Lusa que a carta foi também enviada aos grupos parlamentares na Assembleia da República.
Na carta, os organismos demonstram “preocupação” porque na definição dos grupos prioritários “para a primeira fase de vacinação (ou para a segunda) não se encontra qualquer referência às pessoas transplantadas”.
Os vários grupos e associações explicam que após transplante de órgãos, por causa da necessária terapêutica imunossupressora que “visa evitar a rejeição do enxerto”, as pessoas com transplantadas são “imunocomprometidos” (com deficiente sistema imunitário) e, consequentemente, suscetíveis a infeções bacterianas e virais e designadamente ao vírus do SARS CoV-2.
Por outro lado, os subscritores do pedido sublinham que as pessoas transplantadas em Portugal já foram consideradas de risco face à pandemia de Covid-19.
“Desde o início da pandemia nos diplomas legais publicados sobre as medidas excecionais a aplicar por causa da Covid-19, e na medida em que se encontra imunodeprimida a população transplantada foi considerada população de risco, designadamente para lhe ser aplicado o regime de teletrabalho obrigatório”, acrescenta a carta.
Por outro lado, o documento alerta que “em vários países”, os respetivos planos nacionais de vacinação a população transplantada foi incluída nos grupos prioritários.
“Existem já estudos que aconselham vivamente a vacinação da população transplantada, designadamente do “Comité Médico da World Transplant Games,” da “International Society of Heart and Lung Transplantation,” “American Society of Transplantation”, “American Society of Transplant Surgeons”, “Sociedade Francesa de Transplantação”, frisam os grupos que assinam a carta.
Finalmente, relembram que a Sociedade Portuguesa da Transplantação já tomou posição a favor da inclusão da população transplantada no Grupo das prioridades para a vacinação, “tendo inclusivamente exposto por escrito tal posição” endereçada à Task Force e que a Sociedade Portuguesa de Transplantação os acompanha no sentido do pedido.
LUSA/HN
0 Comments