A medida, que se aplica a partir das 21:00 de hoje (15:30 em Lisboa) e se prolonga até às 06:00 de segunda-feira (00:30 em Portugal continental), foi anunciada na quarta-feira pelo chefe do Governo daquele estado indiano, Pramod Sawant.
Na ordem judicial publicada no site do executivo, decreta-se o encerramento de todos os estabelecimentos não essenciais, incluindo escolas, casinos e centros comerciais, “para conter a transmissão da pandemia”, justificando a medida com “o aumento de casos de covid-19 em Goa e no resto do país”.
Os transportes públicos também serão suspensos, com os ajuntamentos públicos a serem limitados a cinco pessoas.
Em declarações durante uma conferência de imprensa, citadas pelos jornais locais, o chefe do executivo daquele estado, popular destino de férias, disse ainda que “as atividades turísticas vão parar durante quatro dias”, instando os turistas a permanecer nos hotéis.
Goa, que faz fronteira com dois dos estados mais afetados do país, Maharashtra e Karnataka, registou na quarta-feira um novo recorde de casos desde o início da pandemia, com mais de três mil infeções num só dia, numa altura em que a Índia vive uma devastadora segunda vaga de contágios, com falta de oxigénio e de camas nas hospitais nacionais.
Na terça-feira, o médico Oscar Rebello, do Hospital Healthway, em Goa Velha, Pangim, capital daquele estado, disse à Lusa que a situação atual é a pior desde o início da pandemia.
“É terrível, é um desastre”, afirmou.
Segundo o médico, apesar de “para já” não faltar oxigénio em Goa, como acontece noutros estados indianos, a afluência de doentes aos hospitais “públicos e privados” excede largamente as camas disponíveis. “Há gente em macas e cadeiras porque não têm cama”, denunciou.
A situação já tinha levado o ministro da Saúde daquele estado, Rane Vishwajit, a pedir medidas mais drásticas ao Governo, na segunda-feira.
“Chegou a altura de Goa ter um confinamento completo pelo menos durante um mês, não podemos dar-nos ao luxo de perder mais vidas”, escreveu então o ministro na rede social Twitter.
Nessa altura, o responsável do executivo, Pramod Sawant, recusou no entanto o confinamento.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto sem precedentes, que já levou vários países a oferecerem ajuda ao gigante asiático, incluindo Portugal.
O país registou hoje um novo recorde mundial de contágios, com 379.257 casos nas últimas 24 horas, ultrapassando os 18 milhões de infeções desde o início da pandemia.
A Índia contabilizou ainda 3.645 mortes no último dia, um novo máximo no país.
Desde o início da pandemia, a Índia acumulou 204.832 óbitos e mais de 18,3 milhões de infeções, sendo o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos, e o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, Brasil e México.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.137.725 mortos no mundo, resultantes de mais de 148,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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