O edifício onde funciona o lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) “não tem condições para ter doentes internados”, afirmou Augusta Portas Pereira, em declarações à agência Lusa.
Segundo a responsável, os utentes da instituição que testaram positivo para a Covid-19 encontram-se “em quartos com três e quatro camas e não há ventilação de ar”, pelo que “os vírus circulam em ambiente fechado”.
Augusta Portas Pereira lamentou, por outro lado, que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo esteja a destacar médicos do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central para desempenharem funções no lar de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora.
“Os médicos de família são altamente diferenciados para atuar na comunidade, seguem os doentes do nascimento até à morte e fazem, sobretudo, uma medicina preventiva. Não têm conteúdo funcional para acompanhar doentes internados num hospital de campanha”, assinalou.
A responsável da OM insistiu que “os médicos de família não tem conteúdo funcional para atuar em situações de urgência e de emergência”, notando que estes idosos “têm muitas doenças associadas e, com descompensações que podem ser rápidas, pode nem sequer dar tempo para o transporte para o hospital de Évora”.
“Se a ARS do Alentejo acha que estes doentes têm de ter médico 24 horas por dia, então, provavelmente, precisam de internamento num hospital”, acrescentou.
A presidente da sub-região de Évora da OM advertiu, por outro lado, que a colocação de médicos de família e médicos hospitalares no lar de Reguengos de Monsaraz é “no mínimo abusiva e não é realizada à luz de qualquer suporte legal”, dado que o país não está em estado de emergência.
De acordo com Augusta Portas Pereira, a primeira semana após a deteção do surto de covid-19 no lar da FMIVPS “foi totalmente assegurada por quatro médicos do centro de Saúde de Reguengos de Monsaraz”.
“Quero fazer um elogio a esses profissionais, médicos e também aos enfermeiros, que estoicamente aguentaram durante uma semana os cuidados àqueles doentes e, por não terem condições para os tratar, viram morrer doentes no lar”, vincou.
A também médica indicou que já há médicos de família da ACES do Alentejo Central, assim como clínicos de medicina interna das unidades locais de saúde do Norte Alentejano e do Litoral Alentejano, a prestarem cuidados no lar de Reguengos de Monsaraz.
A presidente da sub-região de Évora da OM criticou também a decisão da ARS do Alentejo de impor a suspensão das férias de todos os médicos, enfermeiros e outros prestadores de cuidados primários do distrito de Évora, até ao dia 10 de julho, considerando a medida ilegal.
“Não estamos em estado de emergência”, observou, referindo que “os funcionários do ACES do Alentejo Central, que tanto têm trabalhado e que estão desejosos de descanso, já tinham férias pagas e perderam o que já tinham pago”.
Com a situação no lar, o concelho de Reguengos de Monsaraz regista o maior surto da doença provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2 do Alentejo, contabilizando seis mortes (cinco utentes e uma funcionária) e 140 casos ativos.
Portugal contabiliza pelo menos 1.579 mortos associados à covid-19 em 42.454 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
LUSA/HN
0 Comments