Em comunicado enviado à Lusa, o presidente dessa estrutura partidária do distrito de Aveiro diz que é preciso “dar um ‘grito’ de protesto” face a iniciativas que não se revestem de apoios efetivos ao tecido económico e social do concelho após a paragem a que o território esteve obrigado devido à quarentena geográfica para contenção do vírus SARS-CoV-2.
“Ovar já deveria ter tido medidas de apoio especiais à economia por parte do Estado, mas temos um Governo que ignora as nossas circunstâncias, que foram diferentes do resto do país, e temos um presidente da Câmara que acolhe esses mesmos governantes porque se fascina com o mediatismo que isso lhe dá, esquecendo-se, porém, que o município sai penalizado com tanta associação à pandemia na comunicação social”, afirma o presidente da concelhia do CDS-PP, Daniel Malícia.
Nessa perspetiva, o presidente da concelhia do CDS informa: “Fazermos questão de nos demarcar deste folclore político que só beneficia o presidente da Câmara para as suas ambições políticas e de nada serve a Ovar. Nós merecemos respeito; chega de circo e ajudem-nos com medidas concretas que até agora não apareceram”.
O deputado do CDS-PP na Assembleia Municipal de Ovar, Fernando Camelo Almeida, também se recusa a participar nas referidas iniciativas – que estão associadas ao Dia do Município, feriado local assinalado a 25 de julho – por considerar que “vai ser a segunda vez que Marcelo Rebelo de Sousa vem a Ovar e traz uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma”.
“Não necessitamos de tanto ‘show off’. Bem sabemos que o presidente da Câmara e o Presidente da República são especialistas nessa matéria, mas um município que esteve em condições excecionais tem que ter medidas de apoio económicas excecionais, e necessitamos de ajuda para evitar que o nosso comércio local morra de vez”, acrescenta o deputado municipal.
Fernando Camelo Almeida também reclama soluções concretas para que as empresas de Ovar “consigam sobreviver, mantendo os postos de trabalho”, e pede igualmente apoios para “as famílias que tiveram perdas de rendimento”.
Para esse deputado, é “um gozo com as pessoas de Ovar todo este folclore político que se tem feito à volta da covid-19 e que apenas tem contribuído para uma associação do concelho à pandemia e para a promoção pessoal do presidente da Câmara, servindo as suas aspirações políticas”.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, diz que o CDS não devia confundir as funções de Marcelo Rebelo de Sousa com as do Governo.
“Vejo com enorme tristeza essa postura do CDS, considerando que vai ser a primeira vez que Ovar celebra o Dia do Município com um presidente da República”, disse Salvador Malheiro.
Dizendo que as acusações de aproveitamento mediático para fins políticos “não merecem comentário”, o autarca social-democrata nota que Marcelo Rebelo de Sousa vai ser condecorado com a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, numa decisão “aprovada por unanimidade em reunião de Câmara”, cujo executivo integra sete elementos do PSD e dois do PS.
“Decidimos atribuir-lhe a Medalha de Ouro pela atitude de enorme compreensão e ajuda que demonstrou para com Ovar durante a pandemia e o cerco sanitário, com contactos quase diários com a Câmara e com a população”, justificou Salvador Malheiro.
No próximo sábado, Marcelo Rebelo de Sousa deverá participar ainda numa missa dirigida pelo bispo do Porto em memória de todas as vítimas de covid-19 no município. O primeiro-ministro, António Costa, também foi convidado para essa iniciativa e para as celebrações do feriado municipal, mas a sua presença não está ainda confirmada.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 14,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 601.000 morreram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.689 óbitos entre 48.636 infetados.
O município de Ovar esteve sujeito a cerco sanitário de 18 de março a 17 de abril devido à disseminação comunitária da doença, o que implicou o controlo de entradas e saídas nas fronteiras do concelho e a suspensão da maioria da sua atividade empresarial.
NR/HN/LUSA
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