O confinamento de três semanas começa às 14:00 locais (12:00 em Lisboa) e incluirá o encerramento de muitos estabelecimentos comerciais, limites estritos para reuniões públicas e em grande parte confinará as pessoas a uma área até um quilómetro das suas casas.
O ‘lockdown’ em Israel coincide com os grandes feriados judaicos, quando as pessoas costumam visitar as suas famílias e juntar-se durante as orações.
Num discurso na quinta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou que medidas ainda mais rígidas podem ser necessárias para evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados. Existem atualmente mais de 46 mil casos ativos em Israel, com pelo menos 577 pessoas internadas em estado grave nas unidades de cuidados intensivos.
“Pode ser que não tenhamos escolha a não ser tornar as medidas mais rigorosas”, disse Netanyahu, acrescentando: “Não irei impor um bloqueio aos cidadãos de Israel sem motivo, mas não hesitarei em adicionar outras restrições se for necessário”.
Israel relatou um total de mais de 175 mil casos desde o início do surto, incluindo pelo menos 1.169 mortes. Atualmente, reporta cerca de cinco mil novos casos por dia, uma das maiores taxas de infeção per capita do mundo.
Israel foi um dos primeiros países a impor bloqueios mais abrangentes na primavera, fechando as fronteiras e forçando o encerramento de muitas empresas, medidas que conseguiram baixar o número de novos casos para apenas algumas dezenas por dia em maio.
Mas a economia reabriu abruptamente e um novo governo foi empossado, mas ficou paralisado por lutas internas. Nos últimos meses, as autoridades anunciaram várias restrições apenas para as ver ignoradas ou revertidas, mesmo com os novos casos a atingirem níveis recordes.
A Cisjordânia seguiu uma trajetória semelhante, com um confinamento de primavera que em grande parte conteve a pandemia, seguido por um aumento de casos que forçou a Autoridade Palestiniana a impor um confinamento total de 10 dias em julho. A Autoridade Palestiniana reportou mais de 30 mil casos na Cisjordânia e cerca de 240 mortes.
A Faixa de Gaza, que está sob bloqueio do Egito e de Israel desde que o grupo islâmico Hamas tomou o poder das forças palestinas rivais em 2007, foi inicialmente isolada da pandemia.
Contudo, as autoridades detetaram a disseminação do vírus na comunidade no mês passado e agora há mais de 1.700 casos ativos neste território empobrecido de dois milhões de pessoas, sobrecarregando o já frágil sistema de saúde. Pelo menos 16 pessoas morreram.
Em Israel, o Governo enfrenta duras críticas à sua resposta ao vírus e à crise económica desencadeada pelo bloqueio da primavera. Netanyahu, que está a ser julgado por corrupção, tem sido alvo de protestos semanais junto à residência oficial. A comunidade ultraortodoxa insular de Israel, que tem um alto índice de infeção, revoltou-se contra as restrições, especialmente aquelas que visam encontros religiosos.
Em Telavive, centenas de pessoas protestaram contra o novo confinamento na quinta-feira, incluindo médicos e cientistas que o consideram ineficaz.
Amir Shahar, chefe de um departamento de emergência na cidade de Netanya e um dos organizadores da manifestação, disse que o bloqueio é “desastroso” e fará “mais mal do que bem”.
LUSA/HN
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