A Universidade de Toronto organizou um simpósio sobre insulina, no âmbito da comemoração da descoberta da hormona em 1921 pelos investigadores canadianos Frederick Banting e Charles Best, trabalho pelo qual o primeiro recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina.
O endocrinologista da Escola de Medicina da Universidade de Toronto, Calvin Ke, da mesma instituição onde Banting e Best sintetizaram a hormona há quase 100 anos, destacou, em declarações à agência EFE, que esta “foi uma das descobertas mais monumentais da medicina porque salvou a vida de milhões de pessoas com diabetes ‘tipo 1’ e algumas com ‘tipo 2’”.
“Sem insulina, as pessoas com diabetes ‘tipo 1’ desenvolvem complicações médicas com riscos para a vida. É muito importante que as pessoas tenham acesso à insulina. O centenário é uma oportunidade para refletir sobre os desafios que as pessoas com diabetes atualmente enfrentam”, acrescentou.
Estima-se que 463 milhões de pessoas tiveram diabetes no ano passado, 80% das quais em países em desenvolvimento. Desse número, cerca de 100 milhões precisam de tratamento com insulina, mas apenas cerca de 50% deles têm acesso ao medicamento.
Calvin Ke sublinhou que em países como o México, a diabetes tornou-se um grave problema social e de saúde devido ao aumento de casos e aos efeitos que tem na qualidade de vida dos pacientes.
“Na América Latina, na África, na Ásia, estão a ocorrer números elevados de casos. A diabetes reduz a expectativa de vida para pessoas entre 40 e 60 anos, causando a morte prematuramente entre quatro e dez anos antes devido às complicações causadas pela doença”, alertou.
Segundo um artigo publicado este mês na revista científica ‘The Lancet’, o aumento da obesidade e da diabetes na América Latina é apontado como a principal causa dos altos índices de mortalidade naquela região.
“No México e no Chile, mais de 75% da população feminina está acima do peso. Alimentos processados com baixos níveis de nutrientes e densidade energética costumam ser o único tipo de alimento facilmente acessível para as pessoas mais desfavorecidas”, sustenta o artigo.
Calvin Ke lembrou ainda que a insulina é responsável por “10% ou mais dos gastos com medicamentos em muitos desses países, onde as pessoas têm que pagar pela insulina do próprio bolso e o custo varia enormemente. Em alguns países é menos de dois dólares [cerca de 1,68 euros] por um frasco de insulina, e em outros é superior a 75 dólares [cerca de 62,97 euros]”.
Para muitas pessoas, o custo de um frasco de insulina é o equivalente a quatro dias de salário, disse ainda.
O médico canadiano destacou que é preciso eliminar as “barreiras estruturais” existentes em muitos países e melhorar os sistemas de saúde para garantir o tratamento da diabetes de forma global.
LUSA/HN
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