Cirurgias a cataratas caíram para metade em Moçambique

16 de Janeiro 2021

O número de cirurgias a cataratas em Moçambique caiu de 10.000 em 2019 para cerca de metade em 2020 devido à covid-19, disse hoje a chefe do Programa Nacional de Oftalmologia, Mariamo Abdala. 

Abdala falava aos jornalistas à margem do lançamento em Maputo do Relatório Mundial sobre a Visão, um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a situação da saúde ocular no mundo.

“A covid-19 abrangeu todas as áreas e a oftalmologia foi uma delas. Diminuímos o volume de cirurgias de catarata para cerca de cinco mil”, declarou.

Em 2019 foram realizadas cerca de 10.000 cirurgias relacionadas com aquela que é a principal causa de cegueira evitável em Moçambique e no mundo, acrescentou.

A queda deveu-se à introdução de restrições na prestação de cuidados de saúde não urgentes e ao abrandamento de campanhas de cirurgias a cataratas, devido às medidas de prevenção de covid-19, explicou a chefe do Programa Nacional de Oftalmologia.

A redução do número de cirurgias devido ao novo coronavírus aumentou a distância de Moçambique em relação às metas anuais definidas pela OMS na prestação de cuidados de saúde ocular.

“A OMS diz que em que por cada milhão de habitantes devem ser feitas 2.000 cirurgias a cataratas, mas neste momento a nossa taxa é de cerca de 300”, declarou Mariamo Abdala.

Apesar de qualificar como “um desafio” a cegueira provocada por aquele problema, a responsável avançou que Moçambique registou progressos nos últimos anos, aumentando em 25% a percentagem de cirurgias.

Além de cataratas, as principais causas de cegueira em Moçambique são tracoma, glaucoma e problemas oculares associados ao HIV/Sida.

O diretor-nacional de Assistência Médica, Ussene Isse, apontou na ocasião a falta de especialistas em saúde ocular como uma das principais causas da fraca assistência, destacando que o país dispõe de apenas 34 médicos oftalmologistas para cerca de 30 milhões de habitantes.

Desse número, 24 são moçambicanos e 10 estrangeiros.

O país conta ainda com apenas 30 optometristas e 193 técnicos de oftalmologia.

“O grande desafio é alargar esta base de recursos humanos e de outras componentes essenciais à prestação de cuidados médicos oculares”, frisou Ussene Isse.

O Relatório Mundial sobre a Visão, que a nível global foi lançado em outubro de 2019, realça que mais de mil milhões de pessoas sofrem de deficiências visuais, sendo os países mais pobres os que concentram a maioria desses pacientes.

O documento refere ainda que à medida que a população mundial for envelhecendo, mais pessoas terão problemas de vista, acentuando-se a procura de serviços de oftalmologia.

Em Maputo, o lançamento hoje consistiu um ato simbólico visando a discussão de estratégias de intensificação de prestação de cuidados de saúde ocular.

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