“Como a recessão em 2020 não foi tão profunda como se esperava, e graças aos avanços em matéria de vacinas, projetamos agora que a economia da União Europeia regressará ao seu nível de Produto Interno Bruto [PIB] pré-crise já em 2022”, declarou Paolo Gentiloni.
Falando em conferência de imprensa em Bruxelas na apresentação das previsões macroeconómicas intercalares de inverno, o responsável admitiu porém que situação económica “continua a ser um desafio”, numa altura em que a pandemia da Covid-19 continua bem presente e a atrasar o ritmo de recuperação económica na União Europeia.
“Desde o outono, muitos Estados-membros reintroduziram ou reforçaram as medidas de contenção em resposta ao ressurgimento das infeções e, mais recentemente, à propagação de novas variantes mais contagiosas do coronavírus”, observou Paolo Gentiloni.
O comissário notou que, apesar de estas medidas “serem necessárias”, é “claro que afetam a atividade económica, embora em muito menor grau do que na primavera do ano passado”.
A Comissão Europeia voltou hoje a rever em baixa o ritmo da recuperação económica este ano na Europa, que “permanece nas garras da pandemia da Covid-19”, estimando que a zona euro cresça 3,8% e a União Europeia 3,7%.
Face às anteriores previsões macroeconómicas de outono, Bruxelas retira quatro décimas tanto às estimativas de crescimento económico na zona euro para 2021 – em novembro antecipava uma subida do PIB de 4,2%, o que já constituía uma forte revisão em baixa face às previsões de verão, de 6,1% -, como do conjunto da UE, para o qual previa há três meses uma subida do PIB de 4,1% este ano.
De acordo com Paolo Gentiloni, “esta previsão pressupõe que as atuais medidas rigorosas de contenção serão aliviadas inicialmente no final do segundo trimestre e depois mais acentuadamente no segundo semestre do ano, quando a população mais vulnerável e uma parte crescente da população adulta deverá ter sido vacinada”.
Além disso, “presume-se que as medidas de contenção serão marginais no final de 2021, com apenas medidas setoriais específicas ainda presentes em 2022”, acrescentou.
Paolo Gentiloni apontou, ainda assim, “a incerteza e os riscos” relacionados com a evolução da pandemia de Covid-19, “incluindo o surgimento de novas variantes e o sucesso das campanhas de vacinação”.
“Novas variantes da Covid-19 poderão emergir e propagar-se mais rapidamente do que se supunha, tanto na Europa como a nível mundial, o que poderia atrasar a flexibilização das restrições e interromper a recuperação económica por mais tempo do que o atualmente esperado”, reconheceu.
E, segundo o comissário europeu, “a pandemia pode deixar cicatrizes económicas e sociais mais profundas” do que estimado.
Já aludindo a cenários mais positivos, Paolo Gentiloni assinalou que o processo de vacinação “pode avançar mais rapidamente do que o esperado ou impedir efetivamente a transmissão do vírus”.
Além disso, estas projeções poderão ser melhoradas com o impacto dos fundos comunitários pós-crise da Covid-19 (o Próxima Geração UE), que não foi calculado para estes dados e poderá permitir crescimento acima do estimado.
“O que isto significa é que a recuperação económica em 2021 e 2022 deverá revelar-se mais forte do que o previsto nesta previsão, à medida que os planos nacionais de recuperação e resiliência forem sendo implementados”, disse ainda Paolo Gentiloni.
Certo é que, segundo as previsões hoje divulgadas, o PIB deverá crescer em todos os Estados-membros em 2021 e 2022.
Lusa/HN
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