Investigador propõe algoritmo para tratar insuficiência respiratória

15 de Fevereiro 2021

Um investigador português propõe um algoritmo que pode ajudar os médicos a decidir o momento em que devem iniciar, descontinuar e interromper cada terapia respiratória não invasiva no tratamento da insuficiência respiratória aguda provocada pela Covid-19.

A estratégia desenvolvida pelo pneumologista João Carlos Winck, em colaboração com o médico Raffaelle Scala, diretor da Unidade de Cuidados Intermédios Respiratórios de Arezzo (Itália), “pretende ajudar a uniformizar as práticas clínicas”.

“O nosso objetivo é que as terapias respiratórias não invasivas possam ser escolhidas de forma personalizada, tendo em conta o perfil de cada paciente”, explicou o médico e professor na Faculdade de Medicina do Porto (FMUP).

Os dados acumulados de todas as séries mais recentes em todo o mundo mostraram que estas terapias não invasivas representam, em média, “taxas de sucesso que rondam os 55 a 60%”.

“Estamos a falar de casos em que não foi necessário recorrer à ventilação mecânica invasiva, que é, como sabemos, um processo altamente complexo e que acarreta mais riscos para o doente”, refere o investigador.

Através da utilização deste algoritmo, será possível elencar as melhores opções de fornecimento de oxigenação e suporte respiratório não invasivo, de forma sequencial e rotativa.

Os clínicos poderão escalar as terapias de acordo com a sua maior eficácia e descontinuá-las quando existirem melhorias significativas, e ainda antecipar o momento em que será preciso recorrer a estratégias invasivas, como uma entubação.

Segundo João Carlos Winck, idealmente, estas terapias, tal como todos os procedimentos de pneumologia de intervenção, devem ser realizadas numa sala de pressão negativa, com precauções rigorosas de isolamento e ventilação suficiente para evitar a contaminação por aerossóis.

“No entanto, com os equipamentos de proteção individual adequados e adaptações de segurança nos ventiladores, os riscos são reduzidos, mesmo sem a existência de pressão negativa”, sublinhou.

O investigador lembra que as terapias respiratórias não invasivas tornaram-se intervenções primordiais na gestão da atual pandemia, “poupando de forma significativa o recurso às preciosas camas de cuidados intensivos”.

Dados recentes da mais ampla base de dados do mundo – International Severe Acute Respiratory and emerging Infections Consortium-ISARIC) – dão conta que cerca de 20% dos pacientes com infeção por SARS-CoV-2 são admitidos numa unidade de cuidados intensivos ou numa unidade de cuidados intermédios.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.394.541 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 15.183 pessoas dos 784.079 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Lusa/HN

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