“Nós acreditamos que, continuando o mercado a não recuperar e com estes sucessivos fechos da economia, proibições de voos, etc, é natural que – não por despedimentos nem por acordos – tenhamos ainda mais uma redução de 10% a 15% dos quadros, por não renovações contratuais”, disse o responsável, em declarações à Lusa.
No ano passado, a companhia aérea reduziu o número de trabalhadores de 350 para 200, sobretudo através da não renovação de contratos a prazo.
“Está a fazer agora um ano que fizemos muitos contratos válidos por um ano, para fazer face ao verão de 2020, esses contratos que estão a acabar agora, não havendo expectativa que o mercado vá recuperar, é natural que não sejam renovados”, acrescentou.
Esta é uma das medidas adotadas pela transportadora aérea para reduzir os custos em 70%, face à queda de 70% nas receitas, devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.
“Nós neste momento ainda estamos a ter uma perda líquida todos os meses, ou seja, estamos a ‘queimar’ caixa mensalmente, mas eu diria que, em valor absoluto, já conseguimos fazer uma redução de custo mensal de mais de dois milhões de euros. Para a nossa dimensão é bastante”, disse Eugénio Fernandes.
A transportadora com quase 30 anos de atividade pediu ao Governo, no ano passado, apoios para fazer face à crise causada pela pandemia, além dos apoios transversais acessíveis a todo o setor, mas não obteve ainda resposta.
“Tivemos uma reunião [no Ministério das Infraestruturas], mas até agora não tivemos qualquer ação, nem temos qualquer evolução nos contactos. Continuamos a tentar falar com o Ministério da Economia, [mas] não somos recebidos e, pura e simplesmente, fomos deixados sozinhos e isto leva-nos a perguntar se, realmente, o setor privado é importante ou não para o nosso país”, apontou o responsável.
De acordo com Eugénio Fernandes, quando a euroAtlantic pediu ajuda ao Governo, há um ano, o objetivo não se prendia com a obtenção de apoios a fundo perdido, mas antes um apoio para os dois anos seguintes que rondaria os 40 a 50 milhões de euros em isenções e majorações.
“Precisávamos de isenções da taxa social única [TSU], precisávamos de isenções do pagamento do IRC por conta, precisávamos que os custos relevantes para as companhias de aviação, que têm a ver com a manutenção, com as aeronaves, fossem majorados, alargado o prazo para a recuperação dos prejuízos fiscais, etc., toda uma série de medidas que estão ao alcance do poder executivo, no fundo, para aliviar a saída de dinheiro da tesouraria das empresas”, explicou.
“Enquanto nós nos formos aguentando, não nos vão ajudar, quando nós já estivermos prontos para morrer é que nos vão ajudar. Temos de ir para a rua dizer que não temos dinheiro para pagar salários, para sermos ajudados? É isso que o nosso Governo espera das empresas?”, questionou.
LUSA/HN
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