“Não existe atualmente essa capacidade de análise em Timor-Leste, mas o Laboratório Nacional, em parceira com um laboratório internacional, está a preparar o envio de algumas amostras para se fazer esse exame mais detalhado”, disse à Lusa Rui Araújo, coordenador da equipa para a Prevenção e Mitigação da Covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
“O Laboratório tem os seus critérios, em coordenação com o laboratório com quem tem parceria, para fazer a seleção aleatória das amostras e depois poder confirmar se há ou não novas variantes do vírus presentes em Timor-Leste”, explicou.
A deteção das variantes do vírus obriga à realização da sequência de genoma das amostras positivas, algo que ainda não é possível no laboratório em Díli.
Fonte do Laboratório Nacional explicou à Lusa que está a ser preparado um conjunto de amostras que se espera possam seguir para a Austrália já na quarta-feira, aproveitando uma viagem da Qantas, entre Darwin e Díli.
“As amostras vão ser enviadas para ajudar a identificar que variantes estão presentes em Timor-Leste. A capacidade de testagem em Díli permite apenas detetar se as amostras são ou não positivas”, referiu.
“O laboratório de referência em Melbourne vai ajudar a identificar essas variantes”, frisou a mesma fonte.
A fonte explicou que o processo de análise poderá demorar um mês, dependendo do volume de trabalho do laboratório que tem estado a apoiar a testagem em vários países da região do Pacífico.
Ainda que os resultados possam ser úteis para determinar se há ou não maiores riscos de contágios, e eventualmente no que toca ao plano de vacinação, a fonte do Laboratório Nacional explicou que, na prática, não alteram as medidas de saúde públicas em vigor.
“As medidas que estão a ser aplicadas são as mesmas, independentemente da variante”, recordou.
A análise vai ser feita pelo Laboratório de Saúde Pública da Unidade de Diagnóstico Microbiológico do Instituto Doherty de Melbourne, que realiza sequência de genomas de micróbios desde 2015 e que tem sido essencial na resposta à Covid-19.
Os testes conduzidos no Laboratório Nacional de Timor-Leste aplicam a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR, na sua sigla em inglês), que permitem detetar a presença efetiva no vírus, naquele momento, no organismo da pessoa.
A confirmação do caso positivo exige os testes PCR em tempo real (conhecidos também como testes do gene E), para o processo de triagem, e ainda ensaios RdRp (de polimerase viral, do inglês RNA-dependent RNA-polymerase), para confirmação.
Porém, estes testes apenas identificam uma pequena parte do vírus, confirmando apenas a sua presença sendo necessário o sequenciamento genómico – que mapeia os 29.903 blocos de construção individuais do código genético do SARS-CoV-2.
O sequenciamento genómico, por outro lado, usa o RNA extraído para sintetizar o que é conhecido como “DNA complementar”, uma forma mais robusta que o RNA e que permite a sequência, processo que pode demorar, em cada amostra, entre quatro e 36 horas.
Timor-Leste vive atualmente o seu pior momento deste o início da pandemia, com 367 casos acumulados, dos quais 227 ativos em vários pontos do país, quatro cercas sanitárias em vigor e três municípios com confinamento obrigatório, incluindo o da capital, Díli.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.716.035 mortos no mundo, resultantes de mais de 123 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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