Laboratório em Melbourne vai avaliar as variantes em Timor-Leste

23 de Março 2021

Um laboratório australiano vai analisar um conjunto de amostras aleatórias positivas recolhidas pelo Laboratório Nacional em Timor-Leste para determinar que variantes do vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, estão atualmente presentes no território timorense.

“Não existe atualmente essa capacidade de análise em Timor-Leste, mas o Laboratório Nacional, em parceira com um laboratório internacional, está a preparar o envio de algumas amostras para se fazer esse exame mais detalhado”, disse à Lusa Rui Araújo, coordenador da equipa para a Prevenção e Mitigação da Covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).

“O Laboratório tem os seus critérios, em coordenação com o laboratório com quem tem parceria, para fazer a seleção aleatória das amostras e depois poder confirmar se há ou não novas variantes do vírus presentes em Timor-Leste”, explicou.

A deteção das variantes do vírus obriga à realização da sequência de genoma das amostras positivas, algo que ainda não é possível no laboratório em Díli.

Fonte do Laboratório Nacional explicou à Lusa que está a ser preparado um conjunto de amostras que se espera possam seguir para a Austrália já na quarta-feira, aproveitando uma viagem da Qantas, entre Darwin e Díli.

“As amostras vão ser enviadas para ajudar a identificar que variantes estão presentes em Timor-Leste. A capacidade de testagem em Díli permite apenas detetar se as amostras são ou não positivas”, referiu.

“O laboratório de referência em Melbourne vai ajudar a identificar essas variantes”, frisou a mesma fonte.

A fonte explicou que o processo de análise poderá demorar um mês, dependendo do volume de trabalho do laboratório que tem estado a apoiar a testagem em vários países da região do Pacífico.

Ainda que os resultados possam ser úteis para determinar se há ou não maiores riscos de contágios, e eventualmente no que toca ao plano de vacinação, a fonte do Laboratório Nacional explicou que, na prática, não alteram as medidas de saúde públicas em vigor.

“As medidas que estão a ser aplicadas são as mesmas, independentemente da variante”, recordou.

A análise vai ser feita pelo Laboratório de Saúde Pública da Unidade de Diagnóstico Microbiológico do Instituto Doherty de Melbourne, que realiza sequência de genomas de micróbios desde 2015 e que tem sido essencial na resposta à Covid-19.

Os testes conduzidos no Laboratório Nacional de Timor-Leste aplicam a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR, na sua sigla em inglês), que permitem detetar a presença efetiva no vírus, naquele momento, no organismo da pessoa.

A confirmação do caso positivo exige os testes PCR em tempo real (conhecidos também como testes do gene E), para o processo de triagem, e ainda ensaios RdRp (de polimerase viral, do inglês RNA-dependent RNA-polymerase), para confirmação.

Porém, estes testes apenas identificam uma pequena parte do vírus, confirmando apenas a sua presença sendo necessário o sequenciamento genómico – que mapeia os 29.903 blocos de construção individuais do código genético do SARS-CoV-2.

O sequenciamento genómico, por outro lado, usa o RNA extraído para sintetizar o que é conhecido como “DNA complementar”, uma forma mais robusta que o RNA e que permite a sequência, processo que pode demorar, em cada amostra, entre quatro e 36 horas.

Timor-Leste vive atualmente o seu pior momento deste o início da pandemia, com 367 casos acumulados, dos quais 227 ativos em vários pontos do país, quatro cercas sanitárias em vigor e três municípios com confinamento obrigatório, incluindo o da capital, Díli.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.716.035 mortos no mundo, resultantes de mais de 123 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Moçambique vacinou mais de 2,5 milhões de crianças até setembro

Mais de 2,5 milhões de crianças foram vacinadas em Moçambique, entre fevereiro e setembro, no âmbito do Plano de Recuperação, implementado para a imunização de crianças ainda não vacinadas ou com vacinação incompleta, disse hoje o Ministério da Saúde.

MAIS LIDAS

Share This