Especialista alerta que Brasil poderá ter mais de 600 mil mortes até agosto

26 de Abril 2021

O Brasil poderá ter 611 mil mortos devido à Covid-19 até agosto, segundo o médico Ali Mokdad, chefe de estratégias para saúde pública do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington.

Em entrevista ao jornal brasileiro Valor Económico, divulgada nesta segunda-feira, o especialista, que também foi responsável pelo modelo estatístico adotado pela Casa Branca, nos Estados Unidos, frisou que o Brasil poderá tornar-se um dos países com mais mortes por habitante no mundo caso os governos, em particular o Governo central, continuem a resistir a adotar as recomendações de uso de máscaras, distanciamento social e confinamento.

“Acabámos de finalizar uma nova estimativa que aponta até 611 mil mortes no Brasil até agosto. O inverno deve piorar a situação. Por sorte, as vacinas têm se mostrado eficazes em reduzir as mortes, mas a vacinação está atrasada no país”, afirmou Mokdad.

Segundo o especialista, pelo menos 63 mil mortes que estão nesta projeção ser evitadas se os governos adotarem decretos e outras medidas para estimular o uso de máscaras, o distanciamento e, na medida do possível, o isolamento social e o encerramento parcial de atividades produtivas.

A projeção pública do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde, da Universidade de Washington, divulgada na última semana, indica que o Brasil terá entre 548 mil e 611 mil mortes até agosto e a diferença entre os cenários depende das lideranças políticas.

“Do lado do Governo [brasileiro], foram muitas as vozes que não levaram a covid-19 a sério e não deram o exemplo correto, e houve perda de tempo com um falso dilema entre salvar vidas ou salvar a economia. Isso vale principalmente para o Presidente [do Brasil] Jair Bolsonaro, cujo exemplo influencia muito as pessoas”, avaliou o cientista.

Mokdad disse que além de aumentar o número de mortes evitáveis, a postura das lideranças políticas do país fomentou – e continua a incentivar – o surgimento de novas estirpes do vírus SARS-CoV-2, que provoca a Covid-19.

“Esse vírus estará entre nós por muito tempo, porque estamos a deixar que ele sofra mutações. O Brasil tem tido 80 mil novas infeções confirmadas por dia, isso são 80 mil novas hipóteses para o vírus se transformar em algo mais perigoso. Não há vacinas suficientes, e, mesmo que houvesse, algumas não protegem das variantes [novas estirpes]”, destacou.

O Brasil, um dos mais afetados pela crise sanitária, acumula assim um total de 390.787 vítimas mortais e 14.340.787 casos de Covid-19.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.109.991 mortos no mundo, resultantes de mais de 147 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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