O acesso equitativo às vacinas anti-covid-19, com ênfase na redistribuição de doses excedentes dos países membros do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), vai estar no topo da agenda.
Apesar do apoio unânime à Covax, iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa assegurar vacinas a países de médio e baixo rendimento, o número real de doses disponibilizado está muito abaixo das necessidades, pois os países ricos têm dado prioridade às suas próprias populações.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que vai apelar aos restantes líderes para unirem esforços para ajudar a vacinar o mundo inteiro contra a covid-19 até ao final de 2022.
Porém, enquanto no Reino Unido mais de 75% dos adultos já receberam pelo menos uma dose da vacina contra o novo coronavírus, só 12% da população mundial está inoculada e grande parte da África subsaariana está abaixo dos 2%.
“Partilhar vacinas é fundamental para pôr fim à fase aguda da pandemia”, disse esta semana o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A Unicef estima que os países do G7 terão em breve doses suficientes para doar 20% das suas vacinas entre junho e agosto, o que representaria um total de 150 milhões de doses, sem que isso se traduza num “atraso significativo” dos planos nacionais de vacinação.
Além do acesso “aqui e agora” às vacinas, deverá ser discutida na transferência de tecnologias e recursos por países e farmacêuticas para facilitar e aumentar a produção de vacinas.
Mas o Governo britânico quer levar a discussão para além, promovendo o ’slogan’ da presidência do G7 “reconstruir melhor” e promover uma estratégia para a recuperação da pandemia covid-19 ao mesmo tempo que o mundo reforça a resiliência contra futuras pandemias.
Londres defende uma “recuperação económica verde e sustentável”, envolvendo investimento público e privado em infraestruturas e inovação.
O regresso dos EUA ao Acordo de Paris representa também uma oportunidade para avançar com mais compromissos no combate às alterações climáticas, nomeadamente ao nível do financiamento climático a países em desenvolvimento.
Boris Johnson, que também vai presidir à cimeira sobre as alterações climáticas COP26 em novembro em Glasgow, vai querer usar o G7 para alavancar e acelerar iniciativas no sentido de reduzir emissões de gases com efeitos de estufa e promover energias limpas.
A participação do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, representa também uma oportunidade para uma maior união em termos de política externa, sendo esperadas discussões e declarações sobre as situações no Myanmar, Afeganistão, Etiópia, Bielorrússia, Líbia e Irão.
As relações com a Rússia e China deverão ser abordadas, depois das críticas feitas em maio pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que lamentaram a “atitude irresponsável e desestabilizadora” da Rússia, em particular na Ucrânia, e apelaram à China a respeitar os direitos humanos e liberdades fundamentais em Xinjiang e Hong Kong.
Como habitual nas cimeiras do G7, representantes da União Europeia vão estar presentes, nomeadamente a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
No sábado, juntar-se-ão em pessoa, convidados pelo Reino Unido, os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e o secretário Geral da ONU, António Guterres, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, por videoconferência.
Especialistas e ativistas como o assessor científico de Boris Johnson Patrick Vallance, a filantropa Melinda Gates e o ambientalista David Attenborough, também vão intervir.
A cimeira decorre até domingo na bonita baía de Carbis Bay, na Cornualha, região famosa pelas suas praias e linha costeira, mas que o Governo britânico quer promover pelo papel na “nova revolução verde” britânica, pois possui a primeira central geotérmica do país e uma mina de lítio, ingrediente essencial para as baterias elétricas.
LUSA/HN
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