“Registámos 160 mortes no sul, 42 nos Nippes, 100 na Grand Anse e dois no noroeste”, anunciou o diretor da Proteção Civil, Jerry Chandler, fornecendo os pormenores do novo balanço das vítimas por departamento, numa conferência de imprensa realizada no sábado à noite.
Segundo o novo relatório da Proteção Civil, os 1.800 feridos esgotaram já a capacidade dos poucos hospitais das zonas afetadas.
O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, anunciou que o Governo decretou o estado de emergência por um mês nos quatro departamentos do país afetados pela catástrofe, que sobrevoou hoje à tarde de helicóptero, e instou a população “à solidariedade” e a não ceder ao pânico.
O terramoto, que também foi sentido na República Dominicana (com a qual o Haiti divide a ilha de Hispaniola) e em Cuba e que já faz parte dos dez sismos mais letais dos últimos 25 anos na América Latina, ocorreu às 08:29 locais (13:29 de Lisboa), a cerca de 12 quilómetros da cidade de Saint-Louis-du-Sud, situada a 160 quilómetros da capital haitiana, Port-au-Prince, com epicentro a 10 quilómetros de profundidade, segundo dados do Instituto Norte-Americano de Geofísica (USGS).
O USGS, que chegou a emitir um alerta de tsunami, que posteriormente cancelou, atribuiu ao terramoto um alerta vermelho na sua escala de danos humanos, o que significa que “é provável que haja um elevado número de vítimas e é provável que o desastre afete uma zona extensa”, indicou, na sua página da Internet.
Após o sismo, registaram-se cinco réplicas, uma das quais de magnitude 5,2 a 17 quilómetros da localidade de Chantal, também com epicentro a 10 quilómetros de profundidade.
Organizações como a Federação Internacional da Cruz Vermelha e os Catholic Relief Services concordaram hoje na “instalação imediata” de albergues para socorrer “muitas pessoas” que perderam as suas casas por causa do terramoto.
“Na zona, vai ser necessário tudo: alimentos, medicamentos, equipamento pesado para limpeza de escombros […] também se terá de instalar albergues de imediato, porque as pessoas não voltarão para as suas casas destruídas ou semidestruídas”, disse o delegado em Port-au-Prince da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Peter Finlay, citado pela agência espanhola Efe.
O diretor no Haiti dos Catholic Relief Services, Akim Kikonda, declarou que na cidade de Les Cayes é necessária “a imediata instalação” de albergues temporários e o fornecimento de lonas, bidões para armazenar água e materiais de higiene pessoal.
À situação de emergência há que acrescentar a crise política que se vive no país, agravada pelo assassínio do Presidente, Jovenel Moïse, em 07 de julho, bem como os efeitos da pandemia de covid-19.
Diversos países expressaram já a sua solidariedade ao Haiti, que em janeiro de 2010 sofreu outro sismo que provocou mais de 220.000 mortos, 300.000 feridos e 1,5 milhões de desalojados.
Um dos primeiros a pronunciar-se foi o Governo dos Estados Unidos, que anunciou uma “resposta imediata” para ajudar o país mais pobre do continente americano, ao passo que a Venezuela, o Chile e o Peru ofereceram apoio logístico.
O Presidente dominicano, Luis Abinader, ofereceu-se para ajudar “dentro das suas possibilidades”.
Por seu lado, depois de se solidarizar com as vítimas, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, destacou que médicos do seu país estão a trabalhar no Haiti a cuidar de feridos.
Segundo o MNE cubano, os médicos que estavam a trabalhar no vizinho Haiti no âmbito de um acordo de colaboração bilateral estão agora a dar assistência aos feridos, “inclusive fora das instalações hospitalares afetadas pelo sismo”.
LUSA/HN
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