Centro Hospitalar Lisboa Central alarga consulta pós-covid aos centros de saúde

10 de Outubro 2021

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) vai alargar a consulta pós-covid e a referenciação aos centros de saúde para dar resposta aos doentes identificados pelos médicos de família como tendo sequelas da Covid-19.

A Clínica de Atendimento Pós-covid (CAP-Covid) do CHULC, com sede no Hospital de Santa Marta, surgiu em maio para dar uma resposta aos doentes com Covid-19 que estiveram internados no centro hospitalar e que apresentem sequelas da doença, com grandes limitações.

“Falamos, por exemplo, de pessoas de 50 a 52 anos que estão na sua vida ativa completa e que não conseguem voltar ao trabalho, ou que mesmo voltando ao trabalho, a partir de duas, três quatro horas de atividade laboral mantêm a sua fadiga intensa o que limita a sua capacidade”, disse à agência Lusa Neuza Reis, coordenadora da área de enfermagem da clínica.

Agora, com a redução de novos casos, é possível abrir a consulta e a referenciação aos centros de saúde para dar resposta aos doentes identificados pelos médicos de família como tendo sequelas consideradas de ‘long covid’, sejam respiratórias, neurocognitivas ou cardiovasculares, acrescentou Miguel Toscano Rico, responsável pela CAP-Covid.

“A missão desta clínica de atendimento pós-covid é darmos resposta a estes doentes, mesmo aquelas pessoas que tiveram formas fruste da doença”, realçou o médico internista.

Segundo Neuza Reis, a clínica já está organizada para abranger todos os centros de saúde da Área Metropolitana de Lisboa, com “principal foco” nos que pertencem ao CHULC.

À consulta pós-covid chegam diariamente, em média, seis a oito doentes que são avaliados inicialmente por Neuza Reis, enfermeira especialista em reabilitação, e por Miguel Toscano Rico que, consoante as necessidades do doente, podem referenciá-lo para a pneumologia, medicina física de reabilitação, cardiologia, neurologia, neuropsicologia e psiquiatria, especialidades para as quais foram criadas “vias verdes”.

Além da avaliação clínica do doente, são aplicados testes e escalas validados para formas de doenças respiratórias, neuromusculares, depressão, ansiedade, entre outras, para se perceber “quase de uma forma quantificada” a evolução dos doentes, de “como entraram e como saem”, disse o médico.

“No fundo, o que as pessoas pretendem é retomar a sua vida no seu dia a dia, ir para os seus trabalhos, tomar conta da família, fazer as suas atividades, sair à rua, beber um café e o centro hospitalar tem estes dois níveis de intervenção em termos de reabilitação”, salientou.

A clínica também possibilita a quem não tem critérios para iniciar a reabilitação nos ginásios do centro hospitalar, fazê-la em casa, através das consultas de telereabilitação, realizadas duas a três vezes por semana, pela enfermeira Neuza.

Já os doentes que mantêm sinais, sequelas ou critérios sérios de ‘long covid’ e que carecem de “uma vigilância mais apertada” são colocados num programa de telemonotorização. É passado um plano terapêutico ao doente, que recebe um telemóvel, um cardiofrequencímetro e um oxímetro e todos os dias faz o seu ponto de situação, através de telechamadas.

Atualmente, os doentes acompanhados na clínica “são mais novos, com idades que vão até aos 60 anos, referiu o médico.

Dos cerca de 700 doentes acompanhados na consulta nenhum necessitou de reinternamento: “Ficamos contentes porque de alguma forma consegue-se atar as pontas, mas é uma realidade que pode acontecer”, afirmou Miguel Toscano Rico.

LUSA/HN

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