África do Sul doa dois milhões de doses de vacina a países africanos

17 de Dezembro 2021

A África do Sul vai doar mais de dois milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson a outros países africanos para aumentar a vacinação contra a Covid-19 no continente, anunciou esta sexta-feira o Governo.

Num valor de aproximadamente 18 milhões de dólares (16 milhões de euros), as doses serão produzidas na fábrica da Aspen Pharmacare em Gqeberha, antiga Porto Elizabeth, e serão distribuídas em vários países africanos no próximo ano, segundo um comunicado.

“Esta doação incorpora a solidariedade da África do Sul com os seus irmãos e irmãs no continente com quem estamos unidos no combate a uma ameaça sem precedentes à saúde pública e à prosperidade económica”, disse o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, citado no comunicado.

“A única forma de prevenirmos a transmissão da Covid-19 e de protegermos as economias e sociedades no nosso continente é imunizando com êxito uma massa crítica da população africana com vacinas seguras e eficazes”, acrescentou o chefe de Estado.

A doação agora anunciada soma-se a mais de 100 milhões de doses que foram doadas ao Fundo de Aquisição de Vacinas em África (AVAT, na sigla em inglês), da União Africana.

Este fundo também já adquiriu 500 milhões de doses para serem distribuídas no continente.

Com apenas cerca de 7% da população vacinada contra a Covid-19, África é o continente com menor taxa de vacinação e a Organização Mundial de Saúde admite que a região possa não conseguir alcançar a meta de vacinar 70% dos seus 1,3 mil milhões de habitantes até à segunda metade de 2024.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, apenas 20 dos 54 países africanos conseguiram há vacinar pelo menos 10% das suas populações contra a Covid-19 e dez países têm menos de 2% dos habitantes totalmente vacinados.

Na África do Sul, mais de 15 milhões de pessoas, o equivalente a 38% da população adulta, está completamente vacinada, segundo estatísticas oficiais.

O país enfrenta atualmente um recrudescimento da pandemia devido ao aparecimento da variante Ómicron do SARS-CoV-2, que representa já 78% de todos os novos casos no país, segundo disse hoje o ministro da Saúde, Joe Phaahla.

Segundo especialistas, as hospitalizações e mortes por cCvid-19 têm vindo a aumentar, mas não acompanham o aumento exponencial de novos casos.

A nova variante tem resultado em casos mais suaves do que no surto anterior, resultante da variante delta, o que os especialistas admitem que possa estar relacionado com a exposição da população ao coronavírus, que segundo testes sanguíneos é de 72%.

Ao contrário de muitos outros países africanos, a África do Sul tem hoje doses suficientes de vacinas contra a Covid-19, mas a vacinação abrandou drasticamente de 120 mil doses diárias em novembro para apenas 12.500 na quinta-feira.

Num comunicado separado, o executivo sul-africano disse hoje que Ramaphosa, que testou positivo para a Covid-19 em 12 de dezembro, “está a fazer bons progressos na sua recuperação” e continua a receber tratamento para “sintomas ligeiros”.

Ramaphosa, de 69 anos, está “de bom humor e confortável na sua recuperação”, diz o mesmo comunicado.

A Covid-19 provocou mais de 5,33 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 77 países de todos os continentes, incluindo Portugal.

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