“Temos muitos programas nacionais prioritários e outros não prioritários e era importante que houvesse uma estratégia `long covid´ que integrasse os diferentes níveis de cuidados, as diferentes especialidades e as diferentes patologias” associadas a esta condição clínica, disse à Lusa o presidente da ANMSP.
Segundo Gustavo Tato Borges, uma vez que os cuidados de saúde primários são a “porta de entrada do utente” no Serviço Nacional de Saúde, cabe aos “médicos da base da pirâmide fazerem a identificação dos casos que precisam de ser enviados para referenciação hospitalar”.
Para que essa referenciação seja eficaz, estes médicos “serão fundamentais” e devem estar “dentro deste esquema e bem orientados”, adiantou o presidente da associação, ao avançar que deveria ser criada uma estratégia nacional de saúde para a `long covid´, como já existe para várias doenças, caso da diabetes, da hipertensão, da saúde mental, do cancro, da pneumonia, entre outras.
De acordo com Tato Borges, alguns dos principais hospitais nacionais têm já uma consulta multidisciplinar para esta condição clínica, mas “ainda não há uma estratégia nacional” que defina os referenciais para estas situações e que preveja “de que maneira os cuidados de saúde primários podem ajudar”.
“Há uma imensa sintomatologia que é necessário enquadrar e estudar e penso que ainda não estamos com este processo totalmente implementado em Portugal. Será um passo interessante que aconteça”, sublinhou o presidente da ANMSP, ao apontar o exemplo de sintomas como dificuldades respiratórias, capacidade funcional física diminuída, perda de capacidade de raciocínio e alterações de padrão do sono.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 10% a 20% das pessoas com covid-19 sofrem de sintomas após recuperarem da fase aguda da infeção, uma condição “imprevisível e debilitante” que afeta também a saúde mental.
“Embora os dados sejam escassos, estimativas recentes apontam que 10 a 20% das pessoas com covid-19 experimentam doença contínua durante semanas ou meses após a fase aguda da infeção”, refere o Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS divulgado em 10 deste mês.
De acordo com o documento da OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e gravidade do `long covid´ é, até agora, desconhecido, mas não parece estar correlacionado com a gravidade da infeção inicial por SARS-CoV-2 ou com a duração dos sintomas associados, sendo, porém, mais comum em pessoas que foram hospitalizadas.
“Espera-se que o número absoluto de casos aumente à medida que ocorrem novas ondas de infeção na região europeia e é necessária mais investigação e vigilância” a esta condição específica provocada pela covid-19, adianta ainda o documento.
A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.
LUSA/HN
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