Numa visita guiada ao local, o diretor do centro Andrii Pechory explicou que as alunas já faziam costura e bordados, principalmente camisolas tradicionais e quadros de santos, mas, com a guerra na Ucrânia, “toda a gente quis ajudar”.
Na sala com sete máquinas de costura, é Galina, com cerca de 70 anos, quem gere as utentes no fabrico das bandeiras, juntando o azul e o amarelo das cores nacionais com uma faixa para colocar a haste.
Criada com a cor vermelha da bandeira soviética, Galina gosta mais da atual composição. “É mais bonita, até porque é nossa e não deles”, numa referência aos russos.
Andrii Pechory concorda e vai mais longe. “Isto é um símbolo da nossa liberdade que nos custou tanto a conquistar”.
“Não é para vender, daqui sai para todo o país. É a nossa forma de contribuir”, explica o diretor do espaço, salientando que estas utentes também produzem passa-montanhas para os vigilantes dos postos de controlo.
O centro tem 91 utentes, um número que aumentou com a guerra, já que receberam mais 33 mulheres de um outro local da província, entretanto encerrado.
Todos os dias, as utentes cantam o hino ucraniano, mas o diretor alega que o objetivo desta confeção é também ajudar a sua integração profissional.
“Já fazíamos bordados e costura. Apenas mudou o tipo de coisa que fazemos”, refere Andrii Pechory, salientando que a primeira meta da instituição é aumentar a autossuficiência das utentes.
O centro recebe crianças órfãs que ficam institucionalizadas e só podem sair para a vida ativa quando tiverem condições para sobreviver. “Temos pessoas de várias idades e só saem de cá quando têm uma profissão”.
No caso de a situação militar em Odessa se descontrolar, Andrii Pechory tem já acordo com outras instituições do género no país e no exterior para retirar as utentes.
“Temos tudo tratado, medicamentos para três meses”, mas “não é só mudar as utentes, têm de seguir as equipas de apoio, pessoal médico e outro”.
A saúde mental na Ucrânia continua a ser um problema, admite o diretor do centro, salientando que muitas famílias abandonam os filhos que apresentam problemas, mesmo que ligeiros.
Para tentar combater esse estigma, a instituição, que vive de apoios estatais e doações de particulares, quer construir um jardim infantil e um centro de residência semanal para utentes, que podem passar os fins de semana e férias com as famílias.
LUSA/HN
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