OMC quer maior ação do Brasil no combate à crise global de alimentos

15 de Abril 2022

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, visitará o Brasil na próxima semana para verificar se o país sul-americano pode ajudar a evitar uma iminente crise global alimentar.

Em entrevista ao jornal brasileiro, a diretora da OMC falou sobre o impacto na economia global da pandemia e da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, especialmente no que se refere à subida dos preços dos alimentos, da energia e dos fertilizantes, e lembrou que 30% do trigo do mundo e 73% do óleo de girassol vêm destes dois países europeus, envolvidos num conflito armado que tem causado grande instabilidade global.

“Temos uma situação de crise e, se não cuidarmos, poderemos continuar com ela no próximo ano, a menos que sejamos capazes de apoiar corredores humanitários para que a Ucrânia possa colher a safra de inverno em julho. O Brasil é uma potência exportadora de alimentos. É um dos países mais importantes do mundo no que diz respeito à agricultura e à alimentação”, afirmou Ngozi Okonjo-Iweala.

“Se o Brasil é capaz de fornecer alimentos adicionais no mercado, pode ajudar a fazer baixar o preço dos alimentos globalmente. Estou interessada em como o Brasil vê a situação e o que ele pode fazer. Naturalmente, sei que o Brasil depende da região do Mar Negro para fertilizantes e que essa é uma grande preocupação”, acrescentou.

Ngozi Okonjo-Iweala nasceu na Nigéria, foi ministra de Estado em seu país e tornou-se a primeira mulher e a primeira africana a atuar como diretor-geral da OMC em março de 2021.

A diretora da OMC frisou que o Brasil também poderia ajudar a minimizar impactos de uma possível escassez óleo de girassol, provocada pela guerra na Ucrânia, produzindo mais óleo de soja.

“No mercado de milho, 15% vêm da Ucrânia. Se o Brasil pudesse entregar mais milho no mercado internacional, poderia ajudar também”, completou.

Ngozi Okonjo-Iweala chega a Brasília no sábado. Na segunda-feira, ela tem previsto um encontro com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e fará uma palestra no Ministério das Relações exteriores do país. A representante da OMC também terá reunião com ministros de Estado.

Na terça-feira, a diretora da OMC estará na cidade de São Paulo, onde a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizam um evento chamado “Diálogo Empresarial” em que devem apresentar um documento com as prioridades do setor, que incluem o combate aos subsídios agrícolas e industriais.

LUSA/HN

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