Moisés Ferreira, da Mesa Nacional do partido, dá como exemplo a situação de um utente que pediu o agendamento de uma consulta de rotina no passado dia 21 de abril e lhe viu atribuída marcação apenas no próximo mês de janeiro, mas realça que esse “não foi um caso isolado ou excecional”, uma vez que outros cidadãos da mesma freguesia estão a reportar tempos de espera idênticos.
Estando em causa a primeira linha de acesso a cuidados de saúde, o representante do BE defende que a “situação é grave” e acrescenta: “O agendamento de consultas para o próximo ano é tudo o que não deveria acontecer nos cuidados de saúde primários. Não se pode continuar a privar a população de acesso ao seu médico e à sua equipa de saúde familiar”.
Para Moisés Ferreira, a rede de centros e extensões de saúde tem a responsabilidade de assegurar a proximidade da população aos cuidados mais básicos e esses são os “que devem estar mais acessíveis e disponíveis”, até porque lhes cabe “tratar e controlar a doença” do utente, assim como promover a sua saúde “e evitar que adoeça”.
Ora esse propósito fica inviabilizado, diz a mesma fonte do BE, por consultas que não se realizam “de forma atempada e celeremente”, já que a inacessibilidade aos cuidados primários “compromete a manutenção de um bom estado clínico geral, assim como o controlo e estabilização de determinadas patologias”.
Atendendo a que a covid-19 se encontra agora numa fase mais controlada, Moisés Ferreira afirma: “Depois de um período pandémico difícil, que fez com que muitos utentes não conseguissem ou não pudessem aceder ao seu médico ou equipa de família, seria de esperar uma retoma de atividade em pleno, que permitisse dar resposta a todas as necessidades da população, mas claramente não é isso que está a acontecer”.
A situação em Sanguedo já foi denunciada ao Governo, em documento em que a deputada e coordenadora nacional do partido, Catarina Martins, pergunta à tutela “o que justifica o agendamento de uma consulta médica nos cuidados de saúde primários para daqui a 8 meses” e “que medidas serão tomadas para que os utentes possam ter atempadamente acesso a médico e equipa de família”.
No mesmo documento, a deputada insiste na necessidade de o Estado investir no Serviço Nacional de Saúde e reclama “mais médicos e mais equipas de saúde familiar, mais resposta e menos tempo de espera” – o que considera “medidas básicas que devem sair do papel e que não podem ser comprometidas pela falta de vontade do Governo em investir”.
Questionada pela Lusa o sobre o assunto, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), após consulta à direção do Agrupamento de Centros de Saúde Feira e Arouca, diz que “a marcação de consultas de âmbito programado tem naturalmente tempos diferentes de resposta de acordo com a tipologia da necessidade”.
Referindo que “a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Sanguedo foi constituída recentemente, com médico especialista colocado em maio de 2021”, a ARSN declara que a respetiva lista de utentes “tem vindo a ser trabalhada com base nas orientações para o cumprimento dos programas de vigilância, nomeadamente dos grupos vulneráveis e de risco”, pelo que “há uma diferenciação positiva dos grupos vulneráveis e de risco, face aos doentes sem doença conhecida”.
“No âmbito do seguimento das diversas patologias, a marcação de consultas de âmbito programado tem naturalmente tempos diferentes de resposta de acordo com a tipologia da necessidade”, explica a mesma fonte.
A ARSN nota, contudo, que 30% do horário da unidade de Sanguedo está reservada para “consultas presenciais por iniciativa do doente e no próprio dia”, no chamado regime de consulta aberta, e que “a marcação de consulta por internet é também uma opção disponível”.
LUSA/HN
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