Manutenção de Marta Temido como ministra da Saúde será “um castigo”

3 de Setembro 2022

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) questionou hoje se a manutenção de Marta Temido como ministra da Saúde depois do pedido demissão será “um castigo”, uma “espécie de penitência” pelo ‘timing’ do pedido não ter agradado a António Costa.

“É a primeira vez que um ministro se demite e fica em funções 15 dias. É um castigo? É porque esta demissão vem num ‘timing’ incómodo para o primeiro-ministro que já fez constar que não foi a primeira vez que a demissão foi pedida? É para queimar um pouco mais a ministra e preservar a ministra ou o ministro seguinte?”, questionou João Cotrim Figueiredo.

O líder da IL, que falava aos jornalistas na Póvoa de Varzim (distrito do Porto), onde visitou o mercado municipal para falar com comerciantes e clientes, considerou que dos motivos para esta manutenção em funções, o único que não se exclui perante os factos conhecidos, é o de se estar perante “uma espécie de penitência”.

“Dos vários motivos possíveis para manter alguém em funções, o único que não fica excluído perante os factos que temos é de se tratar de uma espécie de penitência por a senhora ministra da Saúde ter escolhido um ‘timing’ que não agradou ao senhor primeiro-ministro. Sabemos que o senhor primeiro-ministro tem aquele ar de bonomia, mas não tem propriamente bom feitio quando se trata destas coisas”, referiu.

Responsabilizando o Governo PS pelo “estado calamitoso” do Serviço Nacional de Saúde “e de uma série de serviços públicos”, Cotrim Figueiredo respondeu à frase de António Costa sobre mudança de políticas só com derrube do Governo.

“Isso parece ser uma provocação do primeiro-ministro que, atrás de uma muralha que acha que é expugnável da maioria absoluta, diz: ‘Querem mudar alguma coisa? Então atirem-me abaixo’. Não vamos fazer esse favor ao primeiro-ministro. Vamos continuar a criticar nos sítios onde mais lhe dói”, referiu.

Na terça-feira, António Costa avisou que “quem quer mudança de políticas tem que derrubar o Governo”, considerando que a substituição de um membro do executivo, como o da Saúde, será uma mudança de “personalidade, energia ou estilo”.

“Achei graça até ver os principais críticos do Governo a dizer que o que importa é a mudança de políticas. Quem quer mudança de políticas tem que derrubar o Governo”, respondeu António Costa aos jornalistas depois de uma declaração a propósito da demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde.

Hoje, o presidente a IL lembrou que “as políticas dos Governos de António Costa na Saúde [com Adalberto Campos Fernandes e Marta Temido] não eram bem iguais e não houve derrube de Governo”.

“Houve mudanças políticas, portanto isso é apenas argumentação de retórica política”, disse João Cotrim Figueiredo.

Ainda a propósito da demissão de Marta Temido, o líder da IL aproveitou para falar das mudanças que o novo estatuto do SNS poderá vir a introduzir, apontando que “já se percebeu que não vai resolver problema nenhum”.

“O próprio oráculo senhor Presidente da República já deu essa indicação: que não vai resolver problema nenhum porque substitui uma centralização no Ministério da Saúde por outra centralização numa direção executiva do SNS. Não vai resolver nada. Só resolveria se essa entidade tivesse tanta autonomia e tanto poder de decisão que a pergunta passava a ser para que é que temos o Ministério da Saúde?”, questionou.

LUSA/HN

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