A campanha de sensibilização, com o mote “o filme das exacerbações na DPOC é aquele a que não queremos mesmo assistir”, reúne a Associação Respira, a Associação Nacional das Farmácia, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a AstraZeneca e Grupo Tecnimede.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador da Comissão de Fisiopatologia Respiratória e DPOC da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Nuno Cortesão, explicou que a campanha de sensibilização se insere na aposta na literacia defendida por um grupo de peritos num estudo de consenso da Escola Nacional de Saúde Pública divulgado hoje, no âmbito do Dia Mundial da DPOC, que se assinala na quarta-feira.
Nuno Cortesão exemplificou que toda a gente sabe o que é um eletrocardiograma, mas continuam a “ser poucos” os que sabem o que é uma espirometria (exame que avalia a função respiratória).
Portanto, sublinhou, o objetivo desta ação de sensibilização é, sobretudo, melhorar a literacia das pessoas em risco para esta doença e para as suas diferentes dimensões, mas também a população e os profissionais.
A campanha pretende também alertar para as exacerbações da DPOC que influenciam o prognóstico da doença, contribuindo para a sua gravidade global, pela diminuição da função pulmonar e pelo aumento da morbilidade e mortalidade.
“Sendo as exacerbações um evento frequente e relevante na história natural da DPOC, torna-se relevante identificar a população com maior risco, prevenir e tratar precocemente”, defendem os peritos no estudo.
No seu entender, um investimento na formação e na literacia dos profissionais de saúde para a DPOC, principalmente nos Cuidados de Saúde Primários, terá “um retorno positivo” a nível de diagnóstico, referenciação e acompanhamento dos doentes.
“Ao investir na Medicina Geral e Familiar e em enfermeiros especializados em saúde respiratória nos cuidados primários para o despiste e controlo desta doença, é possível que estadios ligeiros e moderados de DPOC possam ser tratados e acompanhados nestes serviços, evitando a referenciação excessiva para os cuidados hospitalares e o consumo de recursos a este nível”, sustentam.
Esta ação, defendem, poderá não só evitar o agravamento da doença, ou possíveis agudizações, como também deixar os cuidados hospitalares responsáveis por estadios mais graves, focando-se na reabilitação respiratória e evitando situações de ‘ping-pong’ entre diferentes níveis de cuidados.
Para que isso seja possível é necessário melhorar a articulação e os sistemas de informação e comunicação entre serviços de cuidados primários e hospitalares.
Em Portugal, as doenças respiratórias são uma das principais causas de hospitalização, representando 19% da mortalidade intra-hospitalar. A DPOC é a causa mais comum de mortalidade, depois da pneumonia, estimando-se que tenha uma prevalência de 14,2% em pessoas com mais de 40 anos, com uma elevada proporção de subdiagnóstico.
Dados nacionais estimam uma prevalência de 7% de DPOC moderada, grave e muito grave, sendo que progressão da DPOC está relacionada com a gravidade e frequência de exacerbações com consequências clínicas a curto e longo prazo.
LUSA/HN
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