“O número de vagas por ocupar foi o maior de sempre. Não só não estamos a conseguir reter os médicos especialistas, como também não os estamos a atrair” para o SNS, afirmou o bastonário Miguel Guimarães em comunicado.
Na terça-feira, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) anunciou que 1.883 médicos internos escolheram a especialidade para prosseguirem a sua formação, no âmbito do concurso que disponibilizou 2.044 vagas para internato médico.
“O processo de escolhas para a área de especialização do internato médico de 2022 terminou na segunda-feira, registando-se um número recorde de vagas ocupadas. Os 1.883 médicos internos do contingente geral que vão iniciar a formação nas várias especialidades superam as colocações realizadas em 2022”, adiantou a entidade que gere os recursos humanos do SNS.
Na reação, a ordem considerou ser “uma linha vermelha” o SNS contar, no próximo ano, com menos 161 médicos especialistas, face às 1.883 vagas preenchidas no mais recente concurso.
“Há um evidente desinteresse dos jovens médicos pela formação especializada no SNS e um sinal vermelho à atuação do ministério e do Governo”, lamentou Miguel Guimarães, para quem o SNS “perdeu uma oportunidade de ter mais médicos especialistas numa altura em que são precisos muitos mais”.
A OM adiantou ainda que, das 161 que ficaram vagas por preencher, 71 são de Medicina Geral e Familiar (MGM) e 67 de Medicina Interna (MI).
“Em termos das vagas sobrantes nestas especialidades médicas por regiões, verifica-se maior incidência em Lisboa e Vale do Tejo, com 38 vagas em MGF e 42 em MI, na região do Alentejo, com 14 vagas em MGF e oito em MI, e a terceira região mais afetada é a região dos Açores, com 12 vagas em MGF e cinco em MI”, refere o comunicado.
A ACSS assegurou, porém, que 222 médicos que não tinham escolhido especialidade nos anos anteriores optaram agora por regressar ao SNS, escolhendo uma das vagas disponíveis neste concurso.
“Esse número compensou os que, podendo fazer a sua escolha pela primeira vez, não o fizeram”, salientou a ACSS, ao referir que seis das 48 especialidades não ocuparam 100% das vagas disponibilizadas.
“O processo de escolhas permitiu ainda colocar mais 503 médicos internos na formação especializada de Medicina Geral e Familiar, o que contribuirá para o reforço dos cuidados de saúde primários, permitindo caminhar para uma cobertura plena de todos os cidadãos”, adiantou também a ACSS na terça-feira.
LUSA/HN
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