Os funcionários da imigração na antiga colónia britânica suspeitam que o investigador falsificou o formulário de candidatura, de acordo com a emissora pública RTHK.
O cientista chinês He Jiankui, libertado em abril do ano passado depois de cumprir uma pena de três anos, disse, na terça-feira, que o visto tinha sido aprovado através de um programa local de recrutamento de talentos e estava à procura de colaboradores para desenvolver uma investigação sobre terapia genética para doenças raras.
No entanto, no final da terça-feira, as autoridades da cidade semiautónoma informaram terem cancelado a autorização para uma pessoa que “forneceu pormenores falsos” na candidatura, acrescentando ter sido aberta uma investigação criminal, mas sempre sem fornecer qualquer identificação.
O controverso investigador, que atingiu a fama mundial em 2018, depois de afirmar ter criado com êxito bebés geneticamente modificados para resistir ao VIH, o vírus da imunodeficiência humana que causa a SIDA, disse que tencionava realizar uma investigação de edição de genes na antiga colónia britânica, utilizando inteligência artificial.
Da experiência de He, realizada com recurso à técnica de edição genética CRISPR/Cas9, nasceram três bebés: em 2018, duas gémeas chamadas Lulu e Nana, e no ano seguinte, outra chamada Amy.
Na última aparição pública, numa conferência na Universidade de Hong Kong, em novembro de 2018, o cientista mostrou-se “orgulhoso do trabalho”, sublinhando que o estudo não visava eliminar doenças genéticas, mas sim “dar às raparigas capacidade natural” de resistir a possível infeção futura pelo VIH.
O escândalo levou as autoridades chinesas a rever os regulamentos sobre alteração genética em seres humanos, passando a exigir aprovação para pesquisas clínicas nesse campo ou em outras “tecnologias biomédicas de alto risco”.
O Governo chinês publicou também novas diretrizes para reformar os processos de revisão ética em áreas como ciências da vida, medicina ou inteligência artificial.
LUSA/HN
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