Regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo com as maiores incidências de tuberculose em 2021

22 de Março 2023

As regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo são as que apresentam mais novos casos de tuberculose por 100 mil habitantes e a taxa de notificação subiu no Norte em 2021, segundo o relatório hoje divulgado.

De acordo com o Relatório de Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal de 2022, publicado pelo Programa Nacional para a Tuberculose da Direção-Geral da Saúde (DGS), entre 2020 e 2021 verificou-se uma subida da taxa de notificação na região Norte de 15,9 para 17,3/100.000 habitantes, enquanto em Lisboa e Vale do Tejo este valor caiu de 18,7 para 16,5/100.000.

Os autores do documento explicam a subida da taxa de notificação no Norte com o aumento do número de casos nos distritos do Porto – que continua com uma taxa de notificação superior a 20 casos/100.000 habitantes – e Braga, tendo este último apresentado já sinais de recuperação destes valores para níveis semelhantes a 2019.

Enquanto no Norte se notificaram 618 casos em 2021 (548 em 2020), Lisboa e Vale do Tejo baixou para 607 (690 em 2020), a região Centro subiu para 144 (134), o Algarve manteve os 70 novos casos e no Alentejo este valor desceu ligeiramente de 49 para 47.

Os dados finais de 2021 indicam que, do total de casos adicionais na região Norte, 66,2% estão concentrados nos concelhos de Penafiel (41 casos em 2021 e 26 em 2021), Marco de Canaveses (26 casos em 2021 e 13 casos em 2020) e Braga (43 casos em 2021 e 20 casos em 2020).

Relativamente à distribuição dos casos por distrito, para além do distrito do Porto, os de Lisboa e Setúbal continuam a destacar-se com uma taxa de notificação no quinquénio (2017-2021) superior a 20/100.000 habitantes.

No distrito do Porto, onde os casos notificados passaram de 349 em 2020 para 379 em 2021, o relatório indica que predominam como fatores de risco o consumo de álcool ou drogas, tendo-se registado em 2021 um aumento da proporção de casos em doentes com silicose (8,2%) e doentes com diabetes (7,4%).

No distrito de Lisboa houve uma descida dos casos notificados (486 em 2020 e 436 em 2021) com uma redução média de 5,3% ao ano nos últimos cinco anos. Mantém-se uma maior proporção de casos na população imigrante (51,0%) e em pessoas que vivem com VIH (14,7%).

O relatório assinala ainda uma tendência crescente nos distritos de Castelo Branco, Guarda, Viana do Castelo e Portalegre.

O distrito de Castelo Branco destacou-se com uma taxa de notificação anual superior a 20/100.000 habitantes e um aumento superior a 50% do número de casos notificados (de 26 para 40). Aqui o relatório sublinha ainda a proporção de casos notificados com consumo de álcool e drogas (7,5%), bem como na população imigrante (10%).

Em relação à distribuição de casos por concelho no quinquénio 2017-2021 no distrito do Porto, o relatório de vigilância aponta para uma maior incidência de casos em Marco de Canaveses (57,2 casos/100.000 habitantes) e Penafiel (55,9 casos/ 100.000 habitantes).

O concelho do Marco de Canaveses, na região do Vale do Sousa apresentou no período 2017-2021 a taxa de notificação mais elevada em Portugal, o que o relatório atribui à proporção de casos em doentes com silicose (50,0% em 2021). Neste município, a mediana da demora até ao diagnóstico (98 dias) é superior à mediana nacional (86 dias).

Quanto à distribuição por concelhos (2017-2021) no distrito de Lisboa, o documento destaca os concelhos da Amadora (34,9 casos/100.000 habitantes), Odivelas (29,8 casos/100.000 habitantes), Loures (29,5 casos/100.000 habitantes) e Lisboa (28,7 casos/100.000 habitantes) como aqueles que tiveram a maior taxa de notificação.

Verificou-se ainda uma maior proporção de população imigrante nos casos de tuberculose no concelho de Odivelas, correspondendo a 64,9% dos casos notificados nesse concelho em 2021.

Nos concelhos da Amadora, Loures e Lisboa, esta proporção foi de 64,7%, 62,2% e 49,2%, respetivamente.

A coinfeção VIH ocorreu em 14,7% dos casos na Amadora, em 13,3% nos doentes em Loures, 9,7% em Lisboa e 2,7% em Odivelas.

LUSA/HN

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