Na concentração convocada por um movimento de apoio à médica Diana Pereira, que ganhou dimensão nas redes sociais, os participantes exibiram faixas e cartazes onde se lia: “Quanto barulho cabe no silêncio” e “Defender para proteger”.
A concentração iniciou-se pelas 17:00, junto à igreja de São Luís, nas imediações do Hospital de Faro, tendo os manifestantes seguido depois num cordão humano, em silêncio, que circundou a unidade hospitalar.
Cerca de uma hora depois, as cerca de 50 pessoas pararam junto à entrada principal do Serviço de Urgência do hospital onde cumpriram um minuto de silêncio “por todos os doentes ali hospitalizados”.
Nídia Silva, uma das organizadoras do evento, disse à agência Lusa que a manifestação “teve como objetivo, mostrar a gratidão para com a médica, que teve a coragem de denunciar 11 casos ocorridos na unidade hospitalar”.
“A manifestação que surgiu da vontade espontânea de um grupo de cidadãos, pretende agradecer a coragem da doutora Diana, ao denunciar aquilo que outros não têm coragem de fazer”, apontou.
Nídia Silva fez questão de destacar “que o protesto é de cidadãos para cidadãos e não é contra os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, mas sim pela coragem demonstrada por Diana Pereira e contra o mau serviço hospitalar”.
“Os médicos são humanos e erram, mas há que admitir os erros e cabe à administração corrigir as situações que não estão bem”, notou.
Aquela organizadora adiantou que esperava a participação de mais pessoas, “já que a página na rede social Facebook criada para apoiar a médica, tem mais de 800 seguidores”.
“Pelo apoio que foi demonstrado para a convocação da manifestação esperávamos muito mais pessoas. Infelizmente, isso não aconteceu, mas foram poucos e bons”, concluiu.
No início deste mês, a médica denunciou 11 alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, ocorridos entre janeiro e março, tendo apresentado queixa na Polícia Judiciária contra o seu ex-orientador de formação e o diretor do serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
De acordo com Diana Pereira, dos 11 casos reportados, três dos doentes morreram, dois encontravam-se internados à data da denúncia internados nos cuidados intermédios e os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen, adiantou.
Entretanto, a médica – que foi ouvida na quarta-feira passada no Hospital de Portimão no âmbito do inquérito interno instaurado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) -, pediu a suspensão do internato médico de formação específica de Cirurgia Geral, medida que está prevista na lei, enquanto decorrem os processos de averiguações aos casos reportados.
O Ministério Público também instaurou um processo para averiguar as denúncias feitas por Diana Pereira e a Ordem dos Médicos anunciou a criação de uma comissão técnico-científica de peritos, médicos independentes, para avaliar os casos reportados.
LUSA/HN
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