Governo tem de adotar “papel diferente” para fixar médicos no interior

18 de Maio 2023

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Carlos Cortes, defendeu esta quarta-feira que o Ministério da Saúde tem de adotar um “papel diferente” no futuro para fixar mais médicos no interior do país.

“Nós temos de dar um acesso [aos cuidados de saúde] igual para todas as pessoas e, por isso, temos de apostar, não somente em infraestruturas, mas também em recursos humanos, nomeadamente médicos. E aqui, o ministro da Saúde e o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm que ter um papel diferente”, disse.

O bastonário da OM, que falava à agência Lusa à margem da cerimónia de receção dos 12 novos médicos internos que vão estar nos próximos tempos ao serviço na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), sublinhou que já alertou a tutela para esta matéria, defendendo que têm de ser implementadas medidas de “discriminação positiva” para os territórios do interior.

“A OM apresentou [ao ministério] uma preocupação muito grande, precisamente sobre a cobertura em termos dos cuidados de saúde dos locais mais do interior. Portalegre é um dos exemplos, Évora também foi referida, o Algarve, Castelo Branco, Bragança e Guarda, foram fundamentalmente referidos [como regiões] onde tem de haver uma discriminação positiva”, disse.

Para Carlos Cortes, as políticas de discriminação positiva têm de passar por dar condições aos médicos para poderem desenvolver as suas carreiras no interior, uma vez que estes profissionais “estão muito preocupados” com a carreira que vão ter no seu futuro.

Além desse fator, Carlos Cortes destacou que os aspetos remuneratórios são outro dos aspetos que têm de ser revistos: “São obviamente relevantes porque as pessoas vêm para [o interior] e não vêm para cá sozinhas, vêm com as suas famílias, portanto têm de ter aqui condições para poderem dar essa resposta às suas famílias”, disse, defendendo uma “diferenciação positiva” para os profissionais que escolhem trabalhar no interior.

O bastonário da OM acrescentou ainda que o ministro da Saúde ficou de “dar uma resposta” sobre estes problemas que afetam estes profissionais de saúde.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Associação Nacional de Laboratórios Clínicos diz que ULS da Lezíria prejudicará acesso dos utentes a análises clínicas caso avance com internalização

A Associação Nacional de Laboratórios Clínicos (ANL) lamenta que a Unidade Local de Saúde da Lezíria pretenda internalizar os serviços de análises clínicas, “em desrespeito dos contratos de convenções existentes e que abrangem a área de influência da ULS da Lezíria e com manifesto prejuízo dos direitos de acesso e da liberdade de escolha dos utentes que recorrem àquela unidade de saúde”.

46% das mulheres sentem que as suas dores menstruais não são levadas a sério no trabalho

No âmbito do Dia do Trabalhador a INTIMINA realizou o seu segundo Estudo sobre Menstruação e Ambiente de Trabalho para aprofundar o impacto que a baixa menstrual teve na vida das mulheres em Espanha, o primeiro país da Europa a implementar esta licença. Os resultados revelam que 46% das mulheres sentem que as suas dores menstruais não são levadas a sério no trabalho.

Especialistas abordam situação da dengue em Portugal

O Instituto de Higiene e Medicina Tropical – Universidade NOVA de Lisboa (IHMT NOVA) promove na próxima semana a sessão “Dengue em Portugal: Onde Estamos? Risco de Introdução e Proteção de Viajantes”.

Ana Jorge acusa Governo de a ter exonerado de “forma rude”

A ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) Ana Jorge acusou esta terça-feira o Governo de a ter exonerado de “forma rude, sobranceira e caluniosa”, admitindo, numa carta enviada a todos os trabalhadores, que foi apanhada de surpresa.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights