“Devo dizer, não sendo catastrofista, que se não houver um investimento sério no SNS – salários, condições de trabalho, equipamentos e instalações – corremos o sério risco de o SNS se esfrangalhar. Estamos, de facto, no momento mais difícil e mais delicado do SNS”, adiantou à Lusa o secretário-geral do SIM.
O sindicalista falava após mais uma reunião com o Ministério da Saúde, no âmbito das negociações iniciadas ainda em 2022 e que deveriam ter terminado no final de junho, de acordo com o calendário negocial previamente estabelecido entre as duas partes, mas que prosseguem esta semana.
Segundo Jorge Roque da Cunha, após o encontro de hoje, o SIM mantém a sua “grande preocupação” em relação à proposta apresentada pelo Governo para revisão das grelhas salariais dos médicos, tendo apresentado uma contraproposta ao Ministério da Saúde.
Esta contraproposta prevê que “pudesse haver uma melhoria efetiva para que, nos próximos dois anos, se pudesse recuperar os cerca de 20% do poder de compra que os médicos perderam nos seus salários”, explicou o dirigente sindical, ao adiantar que está marcada uma nova reunião para a próxima semana.
“A bola está do lado do ministério”, salientou ainda Roque da Cunha, assegurando que, no âmbito das negociações, o sindicato “tudo continuará a fazer para evitar a greve” de três dias que está prevista para a última semana de julho.
De acordo com o secretário-geral do SIM, na reunião de hoje o Governo assumiu outra contraproposta no “sentido de garantir que não há qualquer perda de remuneração dos médicos” que trabalham nas unidades de saúde familiar, uma matéria que “levantava muitas dúvidas” e que teve agora uma “evolução positiva”.
Em 30 de julho, no último dia do prazo inicialmente previsto para as negociações, o SIM anunciou uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra “a incapacidade” do Governo em “apresentar uma grelha salarial condigna”.
As negociações começaram formalmente com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.
Em cima da mesa estão as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.
LUSA/HN
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