Centros hospitalares de Lisboa dizem-se preparados para atender maior procura

26 de Julho 2023

Equipas de prevenção, circuitos definidos e espaços adaptados foram algumas medidas que os três centros hospitalares de Lisboa tomaram para responder ao aumento da procura durante a Jornada Mundial da Juventude sem descurar a atividade normal.

No Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), que integra os hospitais São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, está tudo a postos para responder “a todos os eventos que possam surgir”, disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Medicina Intensiva, Pais Martins.

Para isso, o CHLO atualizou o seu plano de emergência, que contempla três níveis de ativação, dependendo do número de doentes que acorram ao serviço de urgência.

“É um plano que será transversal a muitos centros hospitalares e o nosso não foge à regra”, disse Pais Martins, explicando que no primeiro nível do plano está prevista uma série de procedimentos, nomeadamente a libertação de espaço na urgência para rapidamente dar “a melhor resposta” não só aos peregrinos, mas para manter a atividade normal do serviço.

Pais Martins observou que os hospitais continuam com uma afluência muito grande às urgências e o São Francisco Xavier não é exceção, não podendo “de maneira nenhuma descurar essa resposta”, além da que hipoteticamente terão de dar a qualquer evento resultante da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, onde são esperados 1,5 milhões de peregrinos.

O especialista observou que, apesar de a média etária dos participantes na jornada ser “muito baixa, o que tranquiliza de certa maneira”, não se pode “de todo ignorar que possa acontecer” um acidente.

Para acautelar situações de gravidade, o CHLO reservou quatro camas nos cuidados intensivos e transformou uma área que tinha sido construída para atendimento dos doentes com patologias respiratórias, que têm vindo a diminuir, com capacidade para mais de 30 doentes.

Relativamente aos profissionais de saúde, Pais Martins disse que foi recomendado a todos os diretores de serviço que “se mantenham vigilantes e atentos como naturalmente têm que estar todos os médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico”.

“A partir do momento em que ativarmos o plano de emergência externo, rapidamente se irão dirigir para o Hospital São Francisco Xavier e para a urgência que é o ponto nevrálgico deste plano”, salientou.

No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), que integra os hospitais São José, Capuchos, Curry Cabral, Santa Marta e D. Estefânia, foi feita “uma adenda” ao plano de contingência sazonal, neste caso de verão, associado ao aumento de pessoas em circulação em Lisboa.

“É extrapolar um bocadinho aquilo que podemos prever que possa ser o aumento da afluência, tendo em conta que vamos quase duplicar a população de Lisboa”, disse à Lusa a médica Catarina Pereira, responsável pela Urgência Geral Polivalente.

Para assegurar o atendimento, a direção da urgência e os chefes de equipa organizaram-se para garantir que as equipas estejam a funcionar a 100%, para que não haja as quebras habitualmente associadas às férias. Foi também reforçado o corpo clínico de um espaço da urgência dedicado à avaliação de doentes verdes e azuis (menos graves), que passa a ter dois médicos de manhã e dois à tarde, em vez de um.

“Além disso, pusemos assistentes hospitalares de prevenção 24 horas por dia, do dia 01 ao dia 06, que serão ativados no caso de haver um aumento da afluência superior ao normal ou de haver um aumento da complexidade dos doentes e essencialmente para ajudarem um bocadinho na gestão dos fluxos dentro da urgência”, adiantou Catarina Pereira.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, preparou-se para um aumento de afluência na ordem dos 40, 50%, pensando nas situações mais prováveis desta altura do ano, como as insolações, desidratações, problemas gastrointestinais e pequenos traumas, como entorses.

“Não tivemos nenhuma base para trabalhar porque não há dados de outras jornadas. Sabemos apenas que não aconteceu nada de grave ou de extraordinário, mas infelizmente não há dados de quantos peregrinos precisaram de recorrer aos hospitais e o tipo de situações. Portanto, pensamos que desta vez Portugal poderá ser um exemplo para organizações futuras”, disse o enfermeiro-chefe do CHULN.

Segundo José Alexandre Abrantes, metade das equipas clínicas estão de prevenção em regime de chamada, tendo “meia hora para chegar ao hospital em caso de necessidade”.

O centro hospitalar não reservou camas porque isso iria afetar a população que abrange. “Muitas vezes no verão os idosos são depositados no hospital. Portanto, a nossa urgência não tem parado, cada vez a afluência é maior e, para podermos reservar camas no internamento, ou tínhamos doentes na urgência até à porta da rua ou não dávamos resposta à população”.

Por outro lado, disse, é previsível neste tipo de encontros que haja maior uma afluência à urgência, mas 99% dessa afluência serão doentes que não necessitam de internamento.

Além disso, há o dispositivo de emergência médica montado para a JMJ, que inclui postos médicos avançados e hospitais de campanha nos locais dos eventos, sendo por isso previsível que mais de 95% das ocorrências sejam resolvidas no local.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

RALS promove II Encontro de Literacia em Saúde

Viana do Castelo acolhe o II Encontro de Literacia em Saúde, organizado pela Rede Académica de Literacia em Saúde. O evento reúne especialistas e profissionais para debater estratégias de capacitação da população na gestão da sua saúde. A sessão de abertura contou com a presença de representantes da academia, do poder local e de instituições de saúde, realçando a importância do trabalho colaborativo nesta área

Estudantes veem curso de Medicina na UTAD como alívio para escolas sobrelotadas

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina considerou hoje que a abertura do curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro representa uma oportunidade para aliviar a sobrelotação nas restantes escolas médicas. O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, sugeriu que a nova oferta poderá permitir uma redução de vagas noutros estabelecimentos, transferindo-as para Vila Real, após a acreditação condicional do mestrado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Curso de Medicina da UTAD recebe luz verde condicional

A A3ES aprovou o mestrado em Medicina na UTAD, uma resposta à saturação das escolas médicas. A ANEM vê a medida com esperança, mas exige garantias de qualidade e investimento na formação prática.

Gouveia e Melo repudia uso político da crise na saúde

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo criticou a tentativa de capitalizar politicamente os problemas na saúde, defendendo que o Presidente não deve interferir na governação. Falou durante uma ação de campanha em Viseu

Ventura convoca rivais para debate presidencial sobre saúde

O candidato André Ventura desafiou Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro para um debate sobre saúde, em qualquer formato. Defende um novo modelo para o setor, criticando os consensos anteriores por apenas “despejar dinheiro” sem resolver problemas

São José consolida liderança na cirurgia robótica

A Unidade Local de Saúde São José realizou mais de 2800 intervenções com robôs cirúrgicos desde 2019. O volume anual quintuplicou, afirmando-se como referência nacional na tecnologia

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights