Esta estimativa e este dado sobre médicos de medicina familiar foram transmitidos pelo deputado socialista António Lacerda Sales, em plenário, na Assembleia da República, depois de ter sido alvo de um duro ataque por parte do deputado do Chega Bruno Nunes, que o acusou de ter responsabilidades no “enterro” da saúde em Portugal.
“Sabe quantos médicos de família faltam em Portugal? Sabe quantos portugueses estão sem médicos de família? O senhor teve responsabilidades nisto”, afirmou Bruno Nunes, pegando num assunto que também já tinha sido mencionado pelo deputado do PSD Hugo Oliveira.
Na resposta, António Lacerda Sales referiu que, na sua qualidade de autarca, na Assembleia Municipal de Leiria, nunca ouviu até agora “uma única proposta do PSD ou do Chega sobre saúde”.
“Ouvi zero”, reforçou, antes de procurar traçar a evolução ao nível da cobertura nacional de médicos de família entre o final do executivo PSD/CDS-PP de Pedro Passos Coelho e a atualidade.
Em dezembro de 2015, de acordo com o ex-secretário de Estado, havia 1,1 milhões de portugueses sem médico de família, “número que baixou em 2018 para 690 mil”.
“Agora temos cerca de 1,5 milhões de portugueses sem médico de família, com o volume de aposentações a aumentar e a atingir os 300 por ano – uma consequência do regime de numerus clausus praticado nas universidades a partir da década de 70” do século passado, alegou.
Ainda de acordo com Lacerda Sales, nos últimos anos, o número de cidadãos inscritos nos cuidados registou uma subida na ordem dos 700 mil, o que também levou a um aumento dos cidadãos sem medico de família.
“Temos neste momento cerca de 2300 médicos de medicina familiar em formação. A inflexão vai começar em 2026”, advogou o ex-secretário de Estado da Saúde.
LUSA/HN
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