“Decidimos usar o direito potestativo para obrigar Manuel Pizarro a ir à comissão de saúde explicar por que razão está a falhar e está tão atrasado o processo de negociação com os médicos”, anunciou o presidente do Chega num vídeo divulgado hoje.
André Ventura indicou que o pedido vai ser formalizado “ainda hoje” no parlamento, para o ministro da Saúde “ir à comissão explicar detalhadamente em que ponto estão essas negociações, e por que razão não estão a avançar, num momento tão difícil para o serviço de saúde”, bem como “porque insiste em manter o estado do SNS tão degradado e tão deplorável”.
O líder do Chega disse ter “acompanhado com muita preocupação” este processo e acusou o Governo de fazer “um artifício de negociação”, afirmando que o executivo “insiste que está a negociar”, mas “na verdade não está”.
“Não sabemos em que ponto estão essas negociações, não sabemos por que razão os médicos continuam a dizer que não têm qualquer avanço nas suas reivindicações”, apontou, referindo que “o Governo continua a transmitir para fora a ideia de que está a negociar”, mas o Chega tem “a forte suspeita de que pode estar a mentir”.
O ministro Manuel Pizarro esteve no parlamento na quarta-feira, num debate de urgência requerido pelo PSD sobre os problemas registados no Serviço Nacional de Saúde nas últimas semanas, que se realizou na véspera de mais uma ronda negocial com os sindicatos que representam os médicos.
Hoje, disse hoje que para haver acordo com os médicos “é preciso boa vontade das duas partes” e pediu “a todos sem exceção” que olhem para o “enorme valor” da proposta apresentada pelo Governo na quinta-feira.
“É visível a todos que o Governo fez uma enorme aproximação em relação às propostas anteriores. Estamos completamente abertos a prosseguir o diálogo e a negociação (…). Acho que ontem [quinta-feira] o Governo fez uma proposta de enorme valor para os médicos”, afirmou Manuel Pizarro, em declarações aos jornalistas no Porto.
Na quinta-feira, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) reuniram-se com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, num encontro onde foi apresentado aos sindicatos uma nova proposta, nomeadamente um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.
A reunião, convocada pelo Ministério da Saúde, decorreu numa altura que o SNS enfrenta uma crise nos serviços de urgência devido à recusa dos médicos em fazerem horas extraordinárias, além das previstas na lei (150).
Segundo a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, cerca de 2.500 médicos já apresentaram a minuta de indisponibilidade, uma situação que está “a afetar os hospitais de Norte a Sul do país”.
Após a reunião, a presidente da Fnam anunciou que a federação decidiu manter a greve na próxima semana, por considerar que a proposta do Ministério da Saúde tem de garantir igualdade para todos os médicos em termos salariais e de condições de trabalho.
LUSA/HN
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