Vacinação em estrangeiros deve ser semelhante à dos nacionais

21 de Outubro 2023

A cobertura vacinal das comunidades estrangeiras deve ser “semelhante à que se verifica nos nacionais” por forma a garantir uma uniformização da proteção imunológica em todos que vivem em Portugal, defendeu hoje a especialista Helena Soares.

“O que faz uma comunidade vulnerável é se tomar ou não a vacina nos países de origem. A cobertura vacinal varia de país para país, independentemente do país de origem os imigrantes podem estar mais ou menos vacinados. (…) Uma vacina tem de ser aplicada a uma percentagem elevada da população para conferir imunidade de grupo”, observou a investigadora da Universidade NOVA de Lisboa.

Em entrevista à agência Lusa a propósito da sua participação num colóquio, nesta faculdade, sobre os desafios da vacinação ao longo da vida, a imunologista explicou que cada país tem o seu plano de vacinação e considerou ser importante amplificar o acesso às vacinas.

“Há países que têm maior ou menor cobertura vacinal. (…) Vacinar comunidades de imigrantes seria garantir que a cobertura vacinal dessas comunidades fosse semelhante à que se verifica nos nacionais para garantir uma uniformização da proteção vacinal de todos os que vivem em Portugal”, salientou, reforçando que deve haver “campanhas mais musculadas de incentivo à vacinação”.

De acordo com os dados mais recentes da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mais de 1,5 milhões de vacinas contra a covid-19 e a gripe foram administradas em três semanas, tendo superado “as melhores expectativas”.

Os dados indicam que, desde o início da campanha de vacinação, em 29 de setembro, já foram administradas 1.519.204 vacinas contra a covid-19 e a gripe, das quais 1.107.291 em farmácias comunitárias e 411.913 nas instituições do SNS.

Segundo a professora na NOVA Medical School, que integra o Grupo de Doenças Crónicas e Infeções da NOVAsaúde, a cobertura vacinal para funcionar para todos “tem de ser o mais ampla possível” e os desafios passam pela sensibilização das pessoas.

“[É preciso] fazer com que a mensagem passe de forma eficaz para todos os grupos e para todas as pessoas. Que seja mais premente serem vacinados. No caso da gripe, seriam os profissionais de saúde e as pessoas com mais de 50 anos, a sensibilização vai por aí. Quanto mais distante dos meios de informação as populações estiverem, mais difícil serão sensibilizadas e, portanto, tem de se fazer um esforço mais ativo para que essas populações se vacinem”, indicou.

Em março de 2022, Direção-Geral da Saúde (DGS) estendeu o Programa Nacional de Vacinação a “todos os cidadãos em situação de proteção temporária, pedido de asilo, refugiados ou outras situações similares”.

“A barreira da língua também pode ser uma barreira adicional de todo este esforço de sensibilização”, adicionou.

À Lusa, Helena Soares afirmou que, apesar de o plano de vacinação ser funcional, os alertas devem “ter em mente a atual diversidade cultural”.

Sobre os movimentos negacionistas, a investigadora adiantou que a “generalidade da população aceita” a vacinação, mas, avisou, não se pode “desprezar um grupo de pessoas que são relutantes ou contra”.

“A maior parte da população adere à vacinação, mas há um grupo que está a crescer e que é necessário ter em mente para o futuro: os antivacinas e o poder e a capacidade que têm em disseminar desinformação nas redes sociais”, acrescentou.

A campanha de vacinação contra a gripe, que este ano decorre em simultâneo com a da covid-19, decorre preferencialmente nas farmácias comunitárias para os maiores de 60 anos.

LUSA/HN

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