À margem da reunião privada do executivo, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, destacou que “ao contrário das outras descentralizações, esta era voluntária”, o que permitiu ao município negociar os termos com o Ministério da Saúde e Administração Regional de Saúde do Norte.
“Do nosso ponto de vista, este foi um processo mais virtuoso do que os outros. Como não foi um presente por decreto, permitiu-nos negociar e as negociações chegaram a bom porto”, considerou.
Aos jornalistas, Rui Moreira adiantou estar prevista “uma melhoria” nos edifícios que serão transferidos para a autarquia, a construção de novos centros de saúde e a possibilidade de flexibilizar os horários de funcionamento de algumas unidades, mediante a avaliação de uma comissão criada para o efeito.
De acordo com a informação partilhada pelo município, um levantamento feito pela ARS-Norte identificou a necessidade de realizar 14 “grandes intervenções”, entre as quais quatro “construções de raiz”, nomeadamente em Azevedo de Campanhã, Lordelo do Ouro, Garcia de Orta e Carvalhido-Prelada.
Paralelamente, foi identificada a necessidade de uma “grande obra de reabilitação” em Aldoar e a ser avaliada outra “grande requalificação” em Santos Pousada.
O município deverá também levar a cabo oito requalificações “com diferentes graus de complexidade e valores”: Constituição, Vale Formoso, Foz do Douro, Cedofeita-Carvalhosa, Aníbal Cunha, Lordelo do Ouro (onde atualmente funcionam as duas unidades de saúde familiar, sendo que uma se mantém no edifício e outra será transferida para o edifício a construir), Miguel Bombarda e Covelo.
A descentralização na saúde produz efeitos a 01 de janeiro de 2024, mas “só se pratica de facto com a criação de novos contratos”, esclareceu o autarca, adiantando serem precisos entre três a quatro meses para o município conseguir “desempenhar plenamente” essa tarefa.
Também aos jornalistas, o vereador Sérgio Aires, do BE, esclareceu que o voto contra se prendeu com o auto de transferência e não com a submissão à Assembleia Municipal, afirmando ter dúvidas relativamente às verbas atribuídas pela tutela.
À semelhança do BE, também a vereadora Ilda Figueiredo, da CDU, disse existir “um nevoeiro muito forte sobre o que vai acontecer no futuro e os encargos que uma situação destas pode trazer”, referindo-se à reabilitação dos edifícios e novas construções.
Pelo PS, o vereador Tiago Barbosa Ribeiro destacou que este foi “um processo bem gerido e dialogado”, considerando que esta descentralização “vai permitir um melhor serviço à população e mais adequado à realidade local”.
Também o social-democrata Alberto Machado considerou que o processo negocial nesta área “protagonizou todos os passos que o PSD entende como certos quando há uns anos os líderes do PSD e PS assinaram o acordo para a descentralização”.
O auto de transferência, cujos encargos serão superiores a 5,2 milhões de euros, será submetido a deliberação da Assembleia Municipal do Porto.
LUSA/HN
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