De acordo com dados do CHULN os 470 episódios de urgência atendidos correspondem a um aumento de 50% em relação ao mesmo dia da semana anterior.
“Estamos com algumas dificuldades. Tivemos um aumento muito grande da afluência no dia de ontem [sexta-feira]. Hoje mantemos uma afluência aumentada em relação a dias anteriores e sabemos que existem vários hospitais à volta que determinadas valências encerradas e é necessária uma coordenação muito grande”, disse o diretor do serviço de urgência do Hospital Santa Maria, João Gouveia.
Em declarações à agência Lusa, o responsável disse que na região de Lisboa e Vale do Tejo “só há dois hospitais a dar resposta a algumas das valências mais exigentes”, o que faz com que a situação seja, resumiu, “extraordinariamente dura”.
“É necessário poupar e preservar estes hospitais”, disse João Gouveia que aproveitou para apelar aos utentes para que recorram a meios alternativos à urgência em caso de doença não aguda ou grave.
Dezenas de hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2.500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias, em protesto após mais de 18 meses de negociações sindicais com o Governo.
Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
Questionado sobre se teme que esta situação se agudize nos próximos dias, o diretor disse que o preocupa o que chamou de “efeito bola de neve”, ou seja “os doentes que se vão acumulando e vão ficando internados e vão sobrecarregar mais”.
“E ao mesmo tempo preocupa-me que comece o inverno e vamos ter um conjunto de outras doenças e maior carga de outras doenças. É importante que as pessoas façam as campanhas de vacinação e se protejam contra o frio”, referiu.
Face aos constrangimentos na rede de urgências hospitalares na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), o CHULN sublinhou hoje, através das suas redes sociais, o aconselhamento à utilização dos cuidados de saúde primários da área de residência das famílias nos casos menos urgentes.
A nota publicada refere os horários e as áreas de referência dos vários centros de saúde da região.
Também é apelado a que os utentes, perante um problema de saúde não emergente e antes de se dirigirem a uma urgência hospitalar, usem a Linha SNS24 (808 24 24 24), e ao INEM (112) em caso de situação grave.
“As pessoas devem ter uma postura proativa em relação à sua saúde e comportamentos saudáveis. Mas quando têm problemas, devem saber que existem várias soluções e um serviço de urgência não é obrigatoriamente a primeira solução. Se precisam de um serviço de urgência, é mais seguro virem com profissionais para o serviço de urgência acompanhados, ligando para INEM ou Saúde24, conforme as situações”, disse João Gouveia.
Já na nota divulgada pelo CHULN é vincado que “estas medidas são importantes para preservar a capacidade de resposta atempada dos serviços de urgência para os casos mais graves e evitar tempos de espera indesejáveis nos casos menos urgentes”.
No mesmo texto, o centro hospitalar “sublinha e agradece a abnegação e profissionalismo das suas equipas na manutenção de uma resposta diária diferenciada e ininterrupta à população de toda a região de Lisboa num contexto de maior pressão assistencial”.
LUSA/HN
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