“Isto é preocupante, 43,7% das crianças têm cárie e com excesso de peso são 44,5%, ou seja, uma em cada duas crianças têm cárie e excesso de peso. A literacia melhorou, mas temos de mudar os comportamentos”, defendeu a coordenadora do projeto, Maria Llanes, hoje, durante a apresentação de resultados do projeto de inovação social “Comer Bem, Sorrir Melhor”.
O projeto “Comer bem, sorrir melhor” foi realizado em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas e a Ordem dos Nutricionistas, tendo sido realizadas 11.222 consultas e, destas, 5.851 de Medicina Dentária e 5.370 de Nutrição.
O projeto foi dividido em duas fases, com intervalo de cinco meses, e, inicialmente foram observados 4.887 alunos, entre os 6 e 10 anos de 115 escolas de 21 agrupamentos, num total de 11.180 quilómetros, contabilizou Maria Llanes.
Das 4.887 crianças, na primeira fase, 4.864 foram rastreadas pela Medicina Dentária e 4.870 pela Nutrição. Na segunda fase do projeto, a Medicina Dentária foi reavaliada em 987 crianças e a Nutrição em 500.
O relatório do projeto, elaborado pela Faculdade de Medicina de Viseu da Universidade Católica Portuguesa, foi apresentado por Anna Moura que esclareceu que da primeira para a segunda fase, “na impossibilidade de observarem todas as crianças, foram vistas os que apresentavam casos mais problemáticos”.
Assim, na saúde oral, dos 80,7% de 987 crianças com cárie dentária, passou-se, para uma segunda fase, cinco meses depois, para 42,7% de casos, “uma diminuição significativa que foi resolvida com a mudança de comportamentos, como lavar bem os dentes”, exemplificou.
Na área da nutrição, continuou Anna Moura, das 500 crianças observadas nas duas fases, 94,3% estava, inicialmente, com obesidade, uma percentagem que desceu para os 54,6% na segunda fase.
“Houve mudança de comportamentos e de hábitos alimentares que fizeram as crianças perderem alguns quilos para passarem de obesas a pré-obesas, porque, felizmente, também não falamos em casos de obesidade mórbida”, esclareceu.
Na apresentação do resultado esteve também a diretora do Agrupamento de Escolas de Nelas, Olga Carvalho, que perante o resultado obtido nos seus 302 alunos, apresentou conclusões e sugestões.
“Alguns pais mostraram discordância em relação à informação registada na carta que receberam ao nível de uma possível obesidade e também questionaram sobre a possibilidade de um segundo cheque dentista, já que tinham usado o primeiro”, disse.
As mudanças de comportamento, sublinhou, “passam muito pelos pais e, por isso, uma das sugestões é que haja sessões entre técnicos e pais e encarregados de educação para uma maior promoção na alteração de hábitos” das crianças.
“Também seria muito importante que o projeto tivesse continuidade e que houve nas escolas a presença de técnicos especializados, apesar de saber que as câmaras têm nutricionistas, mas era importante haver de mais áreas da saúde nas escolas”, apelou Olga Carvalho.
A continuidade do projeto foi, aliás, desejada por todos os intervenientes, desde o presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Fernando Ruas, ao bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, ao representante da Ordem dos Nutricionistas, Luís Filipe Amaro, assim como da coordenadora do projeto e da Universidade Católica.
À agência Lusa o secretário executivo da CIM Viseu Dão Lafões, Nuno Martinho, adiantou que está a ser feita uma candidatura, que será apresentada em março, para iniciar “no próximo ano letivo e dar continuidade a este projeto”.
“Para chegar às mesmas crianças que participaram nesta fase, mas também para chegar a outro público-alvo escolar, ou seja, a mais alunos de outros níveis de ensino”, assumiu.
NR/HN/Lusa
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