Ordem dos Médicos e Sociedade de Medicina Interna vão avaliar futuro da especialidade

28 de Fevereiro 2024

Um protocolo para a criação de um grupo de trabalho para analisar o futuro da especialidade de medicina interna foi hoje subscrito pela Ordem dos Médicos, o Colégio da Especialidade e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

Numa nota divulgada por ocasião da assinatura do compromisso, a Ordem dos Médicos (OA) sublinha que a medicina interna “tem vindo a assumir uma função preponderante na organização hospitalar nacional e viu crescer a sua área de influência, tornando-se a especialidade médica do hospital”.

No entanto, destaca a OA, no concurso de acesso ao internato médico de 2023, a medicina interna foi a especialidade com mais vagas por preencher, com 58,1% das 144 vagas disponíveis.

De acordo com a Ordem, em sete hospitais do país nenhuma vaga foi ocupada e ficaram 24 vagas no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (atual Unidade Local de Saúde de Santa Maria) e no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Centro (atual Unidade Local de Saúde de São José).

Segundo o protocolo hoje firmado, o objetivo do grupo de trabalho é “elaborar uma proposta para enquadramento e valorização da medicina interna no sistema de saúde, nomeadamente através de uma redefinição do perfil do médico internista, da atualização do programa de formação da especialidade, que aguarda aprovação da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) desde 2018, e da definição das necessidades globais dos serviços de medicina, inclusive em termos de recursos humanos”.

“A situação vivida atualmente em muitos hospitais do país exige uma reflexão urgente para encontrar soluções que permitam dignificar a especialidade de medicina interna e torná-la mais atrativa para os jovens médicos. Há vários hospitais que não recebem nenhum interno desta especialidade há três anos, uma situação muito preocupante,” refere o bastonário da OA, Carlos Cortes, que considerou esta “uma situação muito preocupante”.

O dirigente considerou, na nota divulgada, que “a excessiva centralização dos cuidados de saúde nas urgências hospitalares coloca uma pressão sobre os médicos que está a afastar muitos profissionais do SNS e em particular de várias especialidades”.

Para Carlos Cortes, “importa analisar estas opções e apresentar propostas que contribuam para resolver esta situação”.

Segundo a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Lélita Santos, “a redução da atratividade da medicina interna tem sido uma preocupação da SPMI”, pois, “paradoxalmente, talvez seja a especialidade mais atrativa de todas as especialidades médicas, mas a grande sobrecarga de trabalho influencia os projetos profissionais e pessoais dos jovens internistas e acaba por afastá-los”.

O grupo de trabalho deverá apresentar propostas no prazo de três meses, que serão posteriormente partilhadas com o Ministério da Saúde.

LUSA/HN

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