Os resultados do estudo observacional IBD Podcast, que decorreu em 10 países entre fevereiro e 2022 e fevereiro de 2023 e envolveu 2.185 doentes de 10 países, demonstraram que os dados obtidos em Portugal estão em linha com os resultados globais, segundo os quais 63,2% dos doentes com doença de Crohn e 34,5% dos doentes com colite ulcerosa têm um “controlo subótimo da doença”.
A investigação, que decorreu na Áustria, Bélgica, Canadá, Alemanha, Grécia, Itália, Espanha, Turquia, Reino Unido e Portugal, onde participaram 130 doentes de cinco Unidades Locais de Saúde (Santa Maria, São João, Loures, Algarve e Dão-Lafões), conclui que “existe oportunidade de melhoria no tratamento dos doentes” com doenças inflamatórias crónicas.
O principal indicador para este controlo insuficiente da doença foi a qualidade de vida dos doentes, tendo a investigação observado “uma desconexão entre os critérios objetivos, a avaliação pelo médico e pelo doente”, o que “vem reforçar a importância da comunicação entre médico e doente a fim de melhorar a gestão dos doentes e a sua qualidade de vida”.
Divulgado a propósito do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino (DII), assinalado a 19 de maio, o estudo visou estimar a proporção destes doentes com um controlo insuficiente da doença pela presença de sinais de alerta, baseados nas mais recentes recomendações clínicas internacionais (STRIDE II), desenvolvidas pela Organização Internacional para o Estudo da Doença Inflamatória Intestinal.
Segundo os investigadores, um controlo subótimo da doença pode afetar os resultados clínicos a longo prazo e ter um impacto negativo na qualidade de vida do doente, na produtividade e no desempenho das atividades da vida diária, com consequências psicossociais e económicas.
“Devido à natureza crónica da doença de Crohn e colite ulcerosa e aos desafios na gestão e monitorização da DII, muitos doentes vivem sem terem a sua doença devidamente controlada. Felizmente, ao longo das últimas duas décadas, foram desenvolvidas novas soluções terapêuticas para induzir e manter a remissão”, afirma em comunicado o presidente da Organização Europeia da Doença de Crohn e da Colite e coordenador nacional do estudo, Fernando Magro.
O médico gastrenterologista salienta que atualmente “existem tratamentos mais efetivos que permitem alterar a história natural da doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes”.
A DII é uma doença crónica, sem cura, imunomediada, e caracteriza-se por uma inflamação do trato gastrointestinal, sendo a doença de Crohn e a colite ulcerosa as duas formas mais comuns da doença inflamatória do intestino.
Estima-se que em Portugal afete cerca de 25 mil pessoas, sendo frequentemente diagnosticada em idade jovem.
LUSA/HN
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