Mais de metade dos doentes de Crohn têm controlo insuficiente da doença

18 de Maio 2024

Mais de metade (52,2%) dos doentes de Crohn e 44,3% das pessoas que sofrem de colite ulcerosa em Portugal têm um controlo insuficiente da doença, resultando num impacto negativo na sua qualidade de vida, revela um estudo internacional.

Os resultados do estudo observacional IBD Podcast, que decorreu em 10 países entre fevereiro e 2022 e fevereiro de 2023 e envolveu 2.185 doentes de 10 países, demonstraram que os dados obtidos em Portugal estão em linha com os resultados globais, segundo os quais 63,2% dos doentes com doença de Crohn e 34,5% dos doentes com colite ulcerosa têm um “controlo subótimo da doença”.

A investigação, que decorreu na Áustria, Bélgica, Canadá, Alemanha, Grécia, Itália, Espanha, Turquia, Reino Unido e Portugal, onde participaram 130 doentes de cinco Unidades Locais de Saúde (Santa Maria, São João, Loures, Algarve e Dão-Lafões), conclui que “existe oportunidade de melhoria no tratamento dos doentes” com doenças inflamatórias crónicas.

O principal indicador para este controlo insuficiente da doença foi a qualidade de vida dos doentes, tendo a investigação observado “uma desconexão entre os critérios objetivos, a avaliação pelo médico e pelo doente”, o que “vem reforçar a importância da comunicação entre médico e doente a fim de melhorar a gestão dos doentes e a sua qualidade de vida”.

Divulgado a propósito do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino (DII), assinalado a 19 de maio, o estudo visou estimar a proporção destes doentes com um controlo insuficiente da doença pela presença de sinais de alerta, baseados nas mais recentes recomendações clínicas internacionais (STRIDE II), desenvolvidas pela Organização Internacional para o Estudo da Doença Inflamatória Intestinal.

Segundo os investigadores, um controlo subótimo da doença pode afetar os resultados clínicos a longo prazo e ter um impacto negativo na qualidade de vida do doente, na produtividade e no desempenho das atividades da vida diária, com consequências psicossociais e económicas.

“Devido à natureza crónica da doença de Crohn e colite ulcerosa e aos desafios na gestão e monitorização da DII, muitos doentes vivem sem terem a sua doença devidamente controlada. Felizmente, ao longo das últimas duas décadas, foram desenvolvidas novas soluções terapêuticas para induzir e manter a remissão”, afirma em comunicado o presidente da Organização Europeia da Doença de Crohn e da Colite e coordenador nacional do estudo, Fernando Magro.

O médico gastrenterologista salienta que atualmente “existem tratamentos mais efetivos que permitem alterar a história natural da doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes”.

A DII é uma doença crónica, sem cura, imunomediada, e caracteriza-se por uma inflamação do trato gastrointestinal, sendo a doença de Crohn e a colite ulcerosa as duas formas mais comuns da doença inflamatória do intestino.

Estima-se que em Portugal afete cerca de 25 mil pessoas, sendo frequentemente diagnosticada em idade jovem.

LUSA/HN

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