“É lamentável o comportamento dos vários grupos da Luz, da CUF e dos Lusíadas, no sentido de intimidarem os enfermeiros a não aderir à greve ou de nos impedirem de circular para recolher dados de adesão à greve. Registamos esta falta de democracia por parte dos grupos privados do negócio de doença”, alertou Isabel Barbosa, da direção regional do SEP de Lisboa.
Falando à agência Lusa junto ao Hospital da Luz, em Lisboa, onde decorria uma concentração de cerca de meia centena de enfermeiros, a dirigente sindical afirmou que estes profissionais de saúde “querem ver melhoradas as suas condições de trabalho”.
“Estão aqui sobretudo porque pretendem regularizar os seus horários, pretendem ter mais tempo para a família e para os amigos e a proposta da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) vai no sentido contrário”, realçou.
Isabel Barbosa lembrou que a proposta apresentada pela APHP em dezembro passado “iam no sentido, de que por adaptabilidade e por necessidade das instituições, o horário de um enfermeiro poderia ir até às 70 horas por semana ou até às 12 horas por dia”.
“Nessa mesma proposta, por exemplo, não estava contemplada a compensação do trabalho por turnos, que é outra das grandes reivindicações dos enfermeiros. Nem estavam contempladas as 35 horas de trabalho. Os enfermeiros precisam de descanso para poder cuidar das pessoas”, sustentou.
De acordo com a responsável, a falta de resposta às reivindicações do SEP “é incompreensível num setor altamente lucrativo, que tem aumentado exponencialmente a prestação de cuidados”.
“Este grupo Luz, onde nós estamos concentrados, teve no ano passado um aumento de 16 % nos lucros. O grupo CUF teve quase 10 % do aumento dos lucros só o ano passado, registou perto de 38 milhões de lucros, e, portanto, estes enfermeiros não percebem porque é que o seu salário não é aumentado, porque grande parte da riqueza que é gerada por estes grupos é criada por estes enfermeiros”, salientou.
Há cerca de um mês e meio, o SEP entregou um abaixo-assinado à APHP, exigindo a negociação de um novo contrato coletivo de trabalho a aplicar aos enfermeiros que exercem nas instituições privadas de saúde, mas ainda aguarda resposta.
“Não há resposta no sentido de negociação com o SEP e é uma exigência (…) negociar para melhorar as condições de trabalho. Se não negoceia connosco e se não houver estes enfermeiros é porque há falta de vontade e, portanto, esta luta há de continuar assim que os enfermeiros desejarem”, sublinhou.
Em 04 de abril, no dia da entrega do documento subscrito por mais de 300 enfermeiros do distrito de Lisboa, fonte oficial da APHP afirmou à Lusa que “todos os sindicatos são bem-vindos às negociações em curso”.
A associação sustentou que tem procurado construir os compromissos que permitam valorizar os enfermeiros que trabalham nos hospitais privados.
O SEP exige, entre outras medidas, 35 horas semanais de trabalho, horários regulados, compensação do trabalho por turnos, melhoria do pagamento das horas penosas e aumentos salariais.
LUSA/HN
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